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Turbulência política ajuda a explicar queda generalizada no PIB, diz IBGE

em Manchete Principal
terça-feira, 01 de dezembro de 2015

“A turbulência política tem impacto. Só não temos como mensurar quanto foi”, afirmou Claudia Dionísio, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.

Rio – Tanto as turbulências políticas quanto econômicas que o País enfrenta afetam o desempenho da economia, afirmou ontem (1º), a gerente de Contas Trimestrais da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Claudia Dionísio. Mais cedo, o órgão federal informou que o Produto Interno Bruto (PIB) contraiu 4,5% no terceiro trimestre ante igual período de 2014, o maior recuo nessa base de comparação na série histórica, iniciada em 1996.
“A turbulência política tem impacto. Só não temos como mensurar quanto foi”, afirmou Claudia, no encerramento da entrevista coletiva sobre os resultados do PIB, na sede do IBGE, no Rio. Ela destacou que o órgão não trabalha com o conceito de recessão, mas reconheceu que os indicadores ficaram mais negativos no terceiro trimestre, onde “a retração foi maior e generalizada”, resumiu.
O IBGE evita fazer comentários sobre o desempenho da economia no ano como um todo, pois ainda não tem dados completos sobre o quarto trimestre, mas Claudia admitiu que é esperado que a paralisação da produção da mineradora Samarco, no último dia 5, afete o PIB da indústria extrativa, que teve o melhor desempenho no terceiro trimestre, pela ótica da oferta, com crescimento de 4,2% ante o terceiro trimestre de 2014.
A necessidade de financiamento do País recuou de R$ 60,2 bilhões no terceiro trimestre de 2014 para R$ 39,9 bilhões no terceiro trimestre deste ano, segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais divulgados pelo IBGE. “A gente está com uma necessidade menor de financiamento externo A contribuição externa está bem positiva, mais por conta da queda nas importações. Então isso favorece o resultado”, disse Claudia Dionísio.
O déficit externo era de R$ 33 bilhões no terceiro trimestre de 2014, passando a R$ 8 bilhões no terceiro trimestre deste ano, uma redução de R$ 25 bilhões. “A gente está exportando mais do que recebendo bens e serviços”, explicou Claudia. Por outro lado, a renda enviada ao resto do mundo piorou. O montante de remessas subiu de R$ 28,7 bilhões no terceiro trimestre do ano passado para R$ 34,8 bilhões no mesmo período deste ano, um aumento líquido de R$ 6,2 bilhões.
Claudia explicou que a taxa de juros no País aumentou no período, remunerando mais aplicações de estrangeiros. “Estamos pagando mais juros do que antes. Foi mais juros e dividendos do que lucros”, contou a pesquisadora do IBGE (AE).