Heloísa Capelas (*)
Parar para avaliar nossas atitudes de tempos em tempos é sempre bom, seja no aspecto pessoal ou profissional, sempre encontraremos algo que precisa ser melhorado e isso é fundamental para o crescimento de qualquer ser humano.
O problema começa quando a autocrítica é excessiva e começa a atrapalhar e muito esse desenvolvimento. É imprescindível que olhemos para nós mesmos e para a nossa trajetória isentos de julgamentos, cobranças e culpas. Só assim teremos uma visão mais próxima da realidade, daquilo que somos e não daquilo que gostaríamos de ser. E, quando chegarmos a esse ponto, teremos a oportunidade de identificar quais foram nossas reais conquistas, aquelas pelas quais merecemos nos valorizar, parabenizar; bem como, quais são os nossos pontos fracos, que merecem atenção e cuidado.
A maior parte das pessoas carrega, para si, consciente ou inconscientemente, o paradigma da perfeição. Em outras palavras, atribuiu um significado único e individual ao conceito de “perfeição” e passam a vida tentando alcançá-la. Acontece que nós somos imperfeitos, temos nosso bem e nosso mal. Se não soubermos reconhecer e valorizar nossas vitórias, em detrimento às eventuais falhas e derrotas que aconteçam pelo caminho, estaremos fadados a viver na frustração.
O mesmo ocorre na área profissional, justamente pelo excesso de autocrítica e por buscarem a perfeição incessantemente. Uma coisa é estabelecer metas reais e trabalhar para alcançá-las, sabendo que exigirão esforço, dedicação e, eventualmente, a capacidade de superar obstáculos. Outra coisa é estipular objetivos inatingíveis – como nunca errar, nunca falhar, nunca perder – e trabalhar em prol dessas metas ignorando que esses obstáculos podem, sim, aparecer pelo meio do caminho.
A principal diferença entre a primeira e a segunda situação, é que, na primeira, a pessoa tem melhor compreensão de si mesma e de sua trajetória; sendo assim, terá mais chance de reconhecer suas falhas e aplaudir suas conquistas. Na segunda situação, a pessoa tende a sofrer e ficar frustrada sempre que falha em algum aspecto, ainda que o resultado tenha sido uma vitória. Afinal, para ela, a meta é a perfeição e não o resultado, em si.
Já na vida amorosa, o ato de se apaixonar é parametrizado em nossas vidas de diversas formas: em filmes, músicas, nas relações que vemos ao nosso redor e outros momentos. Por isso, muita gente espera se apaixonar dentro desses parâmetros e ignora que cada um tem a capacidade se sentir essa emoção de forma individual e incomparável. Quando permanecemos referenciados ao que nos é externo tendemos a acreditar que aquilo é melhor que o que temos.
A crença de que o do outro é melhor que o nosso, que a relação do outro casal é melhor ou a profissão do outro também, tem tudo a ver com a falta de autoconhecimento. Quando não nos olhamos, não nos reconhecemos com profundidade, tendemos a nos referenciar com base no outro, no que nos é externo. E, referenciados pelo o que nos é externo, acreditamos que o outro tem e faz é melhor.
Conheço uma porção de gente que coleciona vitórias em todos os âmbitos da vida, mas, na hora de falar sobre si, prioriza as desilusões, os erros e as falhas. Quando ficamos mais focados e apegados aos nossos erros do que aos nossos acertos, é o momento de perceber que a autocrítica está realmente excessiva. Como disse, ninguém é perfeito. É preciso ajustar o foco, mudar de perspectiva e perceber que fizemos o melhor que pudemos.
Conseguimos lutar contra o excesso de autocrítica, a partir do autoconhecimento e do amor-próprio. Precisamos compreender que a única pessoa responsável por conquistar e valorizar as próprias conquistas, bem como por assumir e superar as falhar SOMOS NÓS MESMOS. Por isso, é preciso voltar os olhos para si e percorrer o caminho da compreensão, da autovalorização e do perdão para conosco e em relação aos que nos cercam.
(*) – É autora do livro o Mapa da Felicidade (Ed.Gente). Especialista em Autoconhecimento e Inteligência Comportamental, é palestrante e atua no desenvolvimento do potencial humano há cerca de 30 anos.