Sérgio M. Baiges (*)
Você já deve ter ouvido a famosa frase “enquanto eles choram, eu vendo lenços”, cunhada pelo reconhecido publicitário brasileiro, Nizan Guanaes.
Carregadas de ironia, essas seis palavras podem gerar longas discussões sobre ética versus lucro e qual posição deve ser adotada pelo mercado em momentos de escassez. Eu, por outro lado, gosto de usá-la para refletir sobre as oportunidades que surgem numa época de crise. Afinal, enquanto alguns estão paralisados diante dos desafios, outros se adaptam às novas regras do jogo.
No mercado de trabalho, atualmente, estamos observando grandes mudanças nas relações entre funcionário e empregador. Diversas empresas não suportam mais o modelo empregatício vigente. Algumas buscam alternativas dentro da lei com o intuito de amenizar os problemas derivados do alto custo de uma contratação. E ano após ano, executivos e empresários perdem horas discutindo como equilibrar o quadro de funcionários, sem comprometer a folha de pagamento.
Por conta da dificuldade de enfrentar os altos encargos trabalhistas, somados a outros impostos que, diariamente, afetam a contabilidade de qualquer empresa, muitos quebram. Desta maneira, em momentos economicamente delicados, este fato é redimensionado, piorando ainda mais aquilo que já é crônico. O resultado disso, todo já conhecem: mais desemprego e menos confiança dos investidores.
Para enfrentar essas questões, o bloco europeu, por exemplo, vem atuando diretamente numa reforma a que se atribui o nome de flexibilização de direitos. A ideia é que os acordos coletivos prevaleçam sobre as leis trabalhistas, garantindo opções mais adaptáveis à mutação da economia global. Inicialmente, o projeto despertou a ira de sindicatos e de parte da sociedade. Mas, ainda assim, é inegável que a medida ajudou a Europa a encarar a crise que assola a região nos últimos anos.
No Brasil, a flexibilização ainda é motivo de calorosos debates sobre a sua eficácia e se ela contribui com a classe trabalhadora ou apenas assegura o interesse dos empresários. Como contraponto, aparece neste cenário o Trabalho 3.0. Ao contrário da contratação tradicional, o modelo evidencia uma relação laboral mais versátil, transparente, econômica e que se ajusta ao perfil de empresas e profissionais.
Conhecido também como serviço freelancer, empresas economizam até 40% das despesas mensais usando a modalidade, segundo estudos. Adaptada às expectativas dos empregadores, a contratação freelancer atende as necessidades de prazo e custo, sem a exigência de um contrato tradicional. Além disso, permite que os profissionais provem sua experiência em alguma especialidade, a fim de reter clientes e indo ao encontro de outros em potencial.
De acordo com pesquisas da Prolancer, as companhias brasileiras estão apostando cada vez mais no freelancer. Somente em 2014, o número de trabalhos cadastrados na plataforma cresceu 272,77%. O aumento está claramente em sintonia com a necessidade das empresas de encontrar novas maneiras para enfrentar a complicada conjuntura da economia brasileira.
Por essa razão: em tempos de difíceis, contrate um freelancer. Além de ajudar o setor de recursos humanos repensar sua estratégia, este modelo de relação laboral pode aliviar a pressão em que o mercado de trabalho se encontra. Não há tempo para lamentações. Os lenços ainda estão à venda e, graças ao choro dos pessimistas, sempre estarão, seja com ou sem crise.
(*) – É CEO da Prolancer (www.prolancer.com.br).