Agência Brasil
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que o governo tem uma estratégia para que o país volte gradativamente a crescer. Ele destacou que por causa da complexidade da economia brasileira não é possível retomar o crescimento de imediato. “Não vamos ter ilusões sobre isso”, destacou em um evento promovido pela revista Carta Capital, em São Paulo. O ajuste fiscal, com corte de despesas e aumento das receitas do governo é, segundo o ministro, a etapa inicial do processo de retomada da expansão econômica.
“Por mais paradoxal que seja essa estratégia é o primeiro passo para a recuperação do crescimento. Apesar do impacto negativo que pode haver no curto prazo, [o ajuste fiscal] é altamente necessário. Crescimento depende de investimento e investimento depende de um cenário macroeconômico estável”, acrescentou Nelson Barbosa.
O ministro disse que as medidas de ajuste não devem afetar as conquistas sociais dos últimos anos. “Nós temos que consolidar o sistema de proteção social e transferência de renda. E nós temos que avançar na inclusão social via a prestação de serviços públicos de qualidade”.
Para ele, a igualdade de renda e oportunidades é uma forma de fortalecer a democracia. Nelson Barbosa ressaltou que quanto menor for a desigualdade social, mais estável é a democracia e a política. “Uma sociedade mais igual é capaz de construir consensos e administrar os seus conflitos de forma mais construtiva do que uma sociedade amplamente desigual”.
Quanto ao câmbio, o ministro disse que ele também passa por um realinhamento. “Houve um realinhamento da taxa de câmbio que colocou a taxa no nível que estava em 2006, em termos reais”. Apesar dos impactos inicialmente negativos, Nelson Barbosa avalia que já podem ser percebidas mudanças positivas com a desvalorização do real frente ao dólar. Segundo ele, com o tempo essa desvalorização beneficiará a indústria e o setor de exportação. “Já aparecem alguns sinais aqui e ali de recuperação das exportações e de melhora da competitividade”, avaliou.
O ministro acredita que os efeitos positivos das mudanças na economia só poderão ser completamente percebidos em meados de 2016. A seu ver, pela história do comportamento da economia nacional, após um realinhamento cambial ela se recupera neste período.