O ranking BrandZTM das empresas mais valiosas do mundo mostra que investir em ciência e tecnologia é um bom negócio. A ampla oferta de novas tecnologias faz com que as pesquisas científicas saiam mais facilmente do papel e ocupem lugar central em toda uma geração de startups que busca agilidade na aplicação prática de conhecimento, em especial as agtechs.
A Symbiomics é uma delas. Fundada em 2021, a empresa de biotecnologia desenvolve produtos biológicos de alto desempenho para o agronegócio, focados em enfrentar um dos maiores desafios da atualidade: aumentar a produtividade de forma sustentável em resposta à crescente demanda global por alimentos. Um dos seus fundadores, Rafael de Souza, avalia que a transdisciplinaridade, que torna possível a aplicação de conhecimentos de diversas áreas para o desenvolvimento de novas soluções para problemas complexos, vem aproximando os especialistas das descobertas científicas. “Os computadores e o avanço no processamento de dados aceleraram as descobertas no passado. Agora, combinamos, por exemplo, Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML) com bioinformática e temos uma alta capacidade de automatizar e acelerar processos dentro do laboratório”.
Mas como essas tecnologias de fronteira se conectam para impulsionar o desenvolvimento de soluções inovadoras no agronegócio?
Agro 4.0
A ciência e a tecnologia aplicadas à agricultura foram fundamentais para o avanço da humanidade, pois somente através delas foi possível a produção de alimentos em larga escala. As soluções criadas tanto para a melhoria do plantio como para a erradicação de pragas e insetos nas plantações, além de novos modos de produção menos agressivos ao meio ambiente, possibilitam um resultado melhor para a agricultura.
Dentro do setor, a IA, por exemplo, permite a análise de grandes conjuntos de dados referentes a plantações, como clima, solo, saúde da plantação, entre outros, indicando ações que melhoram a produtividade e precisão no uso de insumos, otimizando recursos e a sustentabilidade do campo em geral.
“Hoje, aplicações tecnológicas para melhorar a condição humana estão sendo aceleradas pela ciência e pela engenharia computacional. No aprendizado de máquina, por exemplo, temos a premissa de ensinar a máquina a realizar uma tarefa específica e fornecer resultados precisos. Com isso conseguimos identificar padrões biológicos que nos ajudam a criar, no caso da Symbiomics, novas soluções baseadas em microrganismos dos quais, antes, não conhecíamos todas as propriedades”, analisa Jader Armanhi, doutor em Biologia Molecular, Genética e Bioinformática, além de COO da deep tech.
O setor de biológicos é um dos que mais cresce dentro do agronegócio: a venda de bioinsumos no Brasil cresceu 15% na safra 2023/24 e alcançou R$ 5 bilhões, segundo levantamento da Blink Inteligência. Com o resultado, a utilização desse tipo de insumo no país apresentou uma taxa média de crescimento anual de 21% nos últimos três anos, quatro vezes superior à média global.
Outra tecnologia empregada na Symbiomics é a própria bioinformática, que se encarrega da aquisição, armazenamento, análise e difusão de dados biológicos, majoritariamente sequências de DNA e aminoácidos, utilizando técnicas que se aplicam em outros campos, como a inteligência artificial, o reconhecimento de padrões, algoritmos de aprendizagem automática e a visualização de dados. Foi através dela que, em 2004, foi possível o sequenciamento do genoma humano e, em 2020, o desenvolvimento da vacina contra a COVID-19 em tempo recorde.
Segundo Armanhi, a Symbiomics utiliza a bioinformática para análise e interpretação dos dados de novas moléculas biológicas, com o objetivo principal de identificar genes e proteínas, determinar suas funções, estabelecer relações evolutivas e prever sua formação no desenvolvimento de novos biológicos para a agricultura. “Esses novos produtos permitem a existência de plantações mais bem adaptadas às adversidades climáticas, mais resistentes às secas e às pragas de modo geral, nos ajudando a avançar no combate contra a crise climática que enfrentamos”, finaliza.