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Quase metade das empresas não está preparada para a Sucessão de liderança

em Manchete Principal
sexta-feira, 08 de novembro de 2024

A falta de um plano formal de sucessão expõe riscos à longevidade dos negócios familiares no Brasil. Quase metade das empresas brasileiras não possui um plano de sucessão bem definido, segundo uma pesquisa realizada pela Evermonte Executive Search, divulgada recentemente pelo Valor Econômico.

Dos executivos entrevistados, 49,2% relataram que suas companhias não têm um plano formal para a transição de lideranças. Outros 35,4% possuem um plano, mas ele permanece desconhecido para a maioria dos colaboradores, deixando apenas 6,9% das empresas realmente preparadas para um processo sucessório estruturado, com estratégias comunicadas de forma clara e ações para desenvolver gestores.

“Esses números não nos surpreendem, pois como consultores observamos o dia a dia das companhias”, explica Julian Tonioli, CEO da Auddas. No entanto, a realidade é preocupante: a sucessão mal planejada é uma das maiores ameaças à longevidade das empresas familiares, que representam 90% das companhias brasileiras, de acordo com dados do IBGE. Apesar de sua presença dominante, apenas 30% dessas empresas chegam à segunda geração, e um alarmante 15% consegue chegar à terceira.

Os conflitos mais comuns que minam essa transição são o protecionismo excessivo, a falta de profissionalismo e preparo dos membros familiares, e a ausência de um planejamento estratégico para a sucessão. Os sócios deveriam focar no aspiracional ou na visão empresarial, deixando a gestão para profissionais com o perfil adequado, que sigam a estratégia, o modelo de negócio e o momento da empresa.

O membro da família que atua também como gestor dificilmente consegue desempenhar sua função de forma imparcial, pois é visto como dono do negócio. “Em mais de 250 empresas assessoradas, percebemos uma deficiência significativa nas estratégias de transição de cargos, evidenciando desafios na retenção e desenvolvimento de talentos na alta gestão”, afirma o empresário e sócio da Auddas, Rogério Vargas.

A falta de um plano claro de sucessão pode impactar diretamente a continuidade dos negócios e seu desempenho futuro. Empresas familiares, fundamentais para a economia global – responsáveis por boa parte do PIB e dos empregos – também se veem vulneráveis sem um plano de sucessão estruturado. Essas empresas são muitas vezes resilientes durante crises econômicas e têm papel significativo em suas comunidades.

Entretanto, apenas um terço sobrevive à geração seguinte ao fundador, uma taxa que caiu para um quinto recentemente. A principal explicação para essa fragilidade está na complexa dinâmica da sucessão entre gerações familiares, em que a ausência de planos bem definidos pode resultar em transições tumultuadas.

A necessidade de estratégias eficazes para a sucessão é fundamental para a continuidade e sucesso das empresas. Ter um plano de sucessão estruturado pode, seguramente, agregar na preparação de líderes para futuras transições. No entanto, a resistência à elaboração de um plano formal é comum, pois pode expor conflitos latentes entre membros da família.

Embora esse temor seja compreensível, a procrastinação pode resultar em problemas maiores quando a necessidade de transição se torna inevitável.
Para isso, elaboramos dicas práticas para implementar um plano de sucessão. Confira:

. Envolva a próxima geração – Envolver futuros líderes no processo de sucessão é essencial. O engajamento aumenta quando eles se sentem ouvidos e incluídos nas discussões. A nova geração, geralmente, demonstra compromisso com a continuidade do negócio familiar, trazendo uma visão renovada e habilidades importantes para os desafios de inovação. Preparar e aproveitar essas competências beneficia ambas as gerações, fortalecendo a competitividade da empresa.

. Incorpore perspectivas diversificadas – A participação de stakeholders diversos – como consultores, investidores, membros da comunidade e funcionários de longa data – pode enriquecer o processo de sucessão. Essa diversidade de opiniões ajuda a construir uma visão ampla e estratégica do negócio e facilita a resolução de conflitos internos.

. Planeje a profissionalização – Vargas enfatiza a importância de manter a eficácia na estratégia via o desenvolvimento de um planejamento envolvendo família, sócios e gestores, contemplando a revisão do modelo de negócio, gestão e governança para construir uma empresa robusta e sustentável. Quando os sócios focam na profissionalização, a empresa se torna mais forte e consistente, e seus resultados ficam mais protegidos para as gerações futuras.

. Estabeleça regras de governança – Para evitar conflitos familiares, estabeleça regras claras de governança. Isso pode incluir processos de seleção rigorosos para membros da família que desejam trabalhar na empresa, planos de desenvolvimento profissional, regras para distribuição de dividendos e reservas de capital para o crescimento sustentável da companhia.

. Planeje para o futuro – Como uma das 10 maiores economias do mundo, o Brasil oferece vastas oportunidades de crescimento. Empresas que direcionam sua energia para o mercado externo, acompanhando tendências e evitando focos de tensão internos, são capazes de manter resultados sólidos e garantir uma transição bem-sucedida para as próximas gerações.

. A importância do conselho de administração – É uma ferramenta vital para orientar sócios e gestores. Ele auxilia no desenvolvimento de estratégias, identifica oportunidades no mercado e garante que a direção da empresa esteja alinhada com sua visão de longo prazo.

A ausência de planos estruturados de sucessão é uma vulnerabilidade que pode ter consequências sérias para a continuidade das empresas brasileiras. Sublinhamos a urgência de estabelecer estratégias claras de transição de liderança. Desenvolver planos formais, envolver a próxima geração e incorporar a diversidade de stakeholders são passos essenciais para fortalecer as empresas e prepará-las para o futuro.

Na prática, empresas que adotam essas estratégias navegam com mais eficiência pelos processos de sucessão, garantindo não apenas benefícios econômicos, mas também uma transição de liderança mais tranquila e eficaz.

Ao evitar interrupções indesejadas, essas empresas ficam melhor posicionadas para enfrentar os desafios do futuro e manter seu legado vivo por muitas gerações. – Fonte e mais informações: (https://auddas.com/).