Ana Letícia Caressato (*)
Em diversas discussões que acompanho com colegas líderes na área de Recursos Humanos de grandes empresas, fala-se sobre a importância de realizar treinamentos com as equipes, sejam elas de lideranças ou de níveis operacionais.
Uma pesquisa da PwC que li recentemente indica que 75% das organizações de médio e grande porte estabelecem seu plano de desenvolvimento e treinamento com base nos objetivos de negócios da empresa, sem excluir o desempenho profissional, que é o foco para 54% das companhias, e a educação corporativa, importante para 32% delas.
O fato é que todos saem ganhando com treinamentos. Já que eles ajudam a nivelar competências técnicas, a atingir objetivos específicos de uma ou várias áreas de negócios e a desenvolver soft-skills importantes para o ambiente de trabalho. O LinkedIn anualmente faz um levantamento das principais demandas do mercado.
E este ano constatou-se que capacidade de comunicação, a habilidade em prestar serviços ao consumidor e a liderança são as três principais exigências. Trabalho em equipe e resolução de problemas também aparecem entre as dez habilidades mais relevantes. Estas pesquisas mostram algo que notei por experiência ao longo dos últimos 10 anos.
Especialmente no setor de tecnologia, no qual trabalho, houve uma mudança significativa nas habilidades comportamentais exigidas dos profissionais. Anteriormente, o foco era predominantemente em habilidades técnicas específicas, como programação ou administração de sistemas. Com o avanço da tecnologia e a evolução das necessidades organizacionais, as habilidades comportamentais tornaram-se igualmente importantes, se não mais.
À medida que as equipes se tornam mais diversificadas e distribuídas globalmente, por exemplo, a capacidade de se comunicar eficazmente e colaborar tornou-se essencial. Isso inclui não apenas a comunicação verbal e escrita, mas também a capacidade de trabalhar em equipes interdisciplinares e multiculturais, colaborando entre si.
Outro aspecto que vem se transformando é o foco no bem-estar dos funcionários e na criação de ambientes de trabalho inclusivos. Valorizam-se cada vez mais os profissionais que podem entender e gerenciar suas próprias emoções, bem como se relacionar e entender as emoções dos outros.
Ser altamente adaptável, ter habilidades de gestão de equipe – mesmo quando não se é líder – saber resolver problemas de maneira criativa, ter pensamento crítico e entender como tomar decisões informadas também se tornaram fundamentais.
Para alcançar o objetivo de desenvolver essas habilidades comportamentais que são tão complexas e, ao mesmo tempo, tão necessárias, as organizações começaram a investir mais em programas de treinamento. Isso inclui workshops de comunicação eficaz, treinamentos de inteligência emocional, programas de desenvolvimento de liderança e cursos para aprimorar habilidades de resolução de problemas e pensamento crítico.
Eu sou responsável tanto pela estruturação como por ministrar vários treinamentos na empresa em que trabalho. Há mais de oito anos, também conto com o apoio de consultorias que constroem, junto comigo e com meu time, as capacitações para as equipes da empresa.
Entendo que hoje, as organizações têm como meta crucial desenvolver estas capacidades tão importantes em seus colaboradores, que ultrapassam o conhecimento técnico o qual, muitas vezes, o profissional já chega na empresa sabendo. As habilidades que já citei aqui precisam ser desenvolvidas e niveladas em todas as áreas, para que se desenvolva uma cultura organizacional verdadeiramente forte.
Este trabalho, que é bastante complexo e demanda treinamento contínuo e mensal para as equipes, pode ser melhor executado com o apoio de consultorias para auxiliar no planejamento e na execução dos treinamentos. Além de liberar as equipes internas de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO) para focarem em outras atribuições importantes, a consultoria contratada pode trazer benefícios significativos à empresa, ao introduzir técnicas e tecnologias modernas do mercado.
As consultorias analisam as demandas do mercado com propriedade e, consequentemente, trazem novas abordagens, reciclagens e inovação para dentro da organização. Não é fácil suprir a demanda do dinâmico mercado de trabalho atual.
Cabe tanto ao colaborador atualizar-se e estudar o quanto puder, quanto às organizações assumirem a grande responsabilidade de atualizar e desenvolver novas habilidades nos colaboradores, criando uma verdadeira cultura organizacional fundamentada na identidade de cada organização.
(*) – É Diretora de Recursos Humanos na Ascenty (https://ascenty.com/).