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Pirarucu, símbolo de um legado de conservação da Amazônia

em Agronegócio
terça-feira, 03 de setembro de 2024

Celebrado na culinária por seu sabor e versatilidade, o pirarucu (Arapaima gigas) não é apenas um dos maiores peixes de água doce do mundo, mas também o protagonista de uma das iniciativas mais bem-sucedidas de conservação e geração de renda na Amazônia: o manejo sustentável do pirarucu. Em 2024, essa iniciativa exemplar celebra 25 anos de implementação.

Em 1990, o Brasil começou a adotar medidas restritivas para a pesca do pirarucu, que culminaram na proibição total em 1996. Na época, a pesca predatória quase levou à extinção da espécie e o pirarucu entrou para a lista da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites).

Com a implementação do sistema do manejo, o pirarucu voltou a ser abundante nos rios amazônicos, aumentando sua população em 99% entre 2012 e 2016, com um crescimento médio anual de 19%, segundo diagnóstico feito pelo Coletivo do Pirarucu em 31 áreas protegidas e de acordos de pesca do Amazonas. Além de conservar o pirarucu e a biodiversidade, o manejo sustentável trouxe benefícios como aumento da renda, fortalecimento da organização social, redução das desigualdades, maior segurança alimentar e significativa melhoria na qualidade de vida das comunidades indígenas e tradicionais.

O protagonismo indígena no manejo do pirarucu
O povo Paumari do Tapauá e os Deni do Xeruã também fazem parte dessa história de sucesso. Conhecido como “povo das águas”, os Paumari do Tapauá foram um dos pioneiros na implementação do manejo sustentável do pirarucu em terras indígenas. Em 2013 realizaram sua primeira pesca manejada e hoje são uma referência nacional na atividade conquistando, a partir da proteção dos lagos e da regulação da pesca, um aumento de mais de 600% da população de pirarucu em seu território desde a primeira contagem, em 2009.

“Hoje a gente tem a nossa cozinha, o nosso flutuante de pré-beneficiamento do peixe, tem nossas bases de vigilância para proteção do nosso território. A gente tem nossa riqueza e podemos proteger isso”, explica Kamelice Paumari, indígena do povo Paumari e coordenadora temática do trabalho das mulheres na Associação Indígena do Povo das Águas (AIPA).