Fernando Poziomczyk (*)
Aderir a boas práticas de governança corporativa é um pilar inteligente para estabelecer o comando saudável do organismo vivo que é uma empresa.
E, por mais que cada empreendimento conduza esse processo de maneira bastante particular conforme sua realidade, demandas e expectativas, existem certas tendências deste tema no mercado que devem ser considerados ao estabelecer este modus operandis, de forma que contribuam para a evolução deste tema no ambiente corporativo perante sua operação sustentável e destaque competitivo.
Nos últimos anos, temos visto um avanço positivo da compreensão desta estratégia no mercado. Isso foi comprovado em dados divulgados na pesquisa ‘Pratique ou Explique: Análise Quantitativa dos Informes de Governança’, realizada pelo IBGC, EY e TozziniFreire Advogados, a qual identificou que a taxa média de aderência das companhias às práticas recomendadas de governança chegou a 65,3% em 2023.
A amplitude de setores que aderem a essa ação também vem aumentando gradativamente, mostrando a importância deste tema para uma condução mais assertiva dos processos internos. Para reforçar a evolução da governança corporativa e a conquista de resultados cada vez melhores, confira cinco tendências que vêm se destacando em escala global e que se complementam quando colocadas em prática:
- – Conselheiros independentes – São direcionadores estratégicos para uma empresa, assegurando a saúde da estrutura de capital e a tomada de decisões assertivas para a conquista dos objetivos estipulados.
Antes, era comum que esses profissionais tivessem um background mais direcionado para áreas financeiras e comerciais – mas, hoje, podem vir de disciplinas muito mais variadas, tais como recursos humanos, TI, dentre outros. Essa vastidão de origem é extremamente benéfica para compor um time com experiências e visões diferentes, ampliando as possibilidades de tomada de decisões estratégicas para a melhoria das operações.
- – Mudanças no perfil dos conselheiros – Antigamente, era um ex-CEO ou um profissional em fim de carreira, que buscava a posição como forma de se manter ativo durante a aposentadoria.
Atualmente, esse perfil se tornou muito mais abrangente, incluindo não apenas essas profissionais, mas também abrindo espaço para talentos mais jovens que tenham uma trajetória respeitável e atuem nesta posição de forma concomitante à vida executiva ou, até mesmo, aqueles que desejam aportar seu know how em outro negócio – contribuindo com novas ideias e formas de se manter ativo no mercado.
- – Avaliação dos conselheiros e conselhos – Assim como qualquer outro profissional, as empresas vêm entendendo que os conselheiros também precisam ser avaliados em suas funções. Principalmente, por se tratar de uma cadeira que irá determinar as ações que serão colocadas em prática perante o melhor desempenho do negócio.
Existem muitas boas práticas de processos de avaliação que podem ser aplicadas aqui – tais como a 360º, devido à sua capacidade de fornecimento de uma visão mais completa possível do desempenho individual, e ferramentas de assessment com features específicas sobre seu comportamento em suas funções.
- – Pluralidade na composição dos conselhos – Compor um time de conselheiros diverso tem sido cada vez mais visto com bons olhos pelo mercado, seja pela sua área de conhecimento, identificação sexual, cor, idade ou outros. Afinal, pessoas iguais pensam de forma similar e tendem a obter os mesmos resultados.
Mas, profissionais diferentes com experiências distintas e visões abrangentes estimulam uns aos outros a sair da zona de conforto, explorar novas ideias e a potencializar a conquista de resultados melhores. Quanto mais plural essa composição for, melhor.
- – Comitês – Funcionando como um desdobramento dos conselhos, os comitês vêm ganhando espaço no mercado com o propósito de tratar temas específicos para essa área. Esse alinhamento com os conselheiros é extremamente vantajoso para que determinados assuntos sejam tratados com mais profundidade, sendo alguns dos mais comuns vistos os que atuam.
Esses cuidados contribuirão diretamente para a perenidade do negócio, através de visões diferentes e discussões positivas que tragam novas ideias a serem implementadas. Porém, é importante destacar que elas precisam ser blindadas contra interesses individuais, prezando sempre pelo bem maior coletivo de crescimento da marca em seu segmento.
Assegurar a manutenção dessas boas práticas é o que contribuirá para a evolução e melhora da governança corporativa, contando com o apoio destas tendências para se aprofundar no que for condizente com a realidade de cada empresa a favor de sua prosperidade. No final, quanto mais inovações puderem ser agregadas, maiores as chances de os negócios serem mais fortes e resilientes frente a circunstâncias mercadológicas.
(*) – É sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção (https://wide.works/).