Heródoto Barbeiro (*)
O desenho animado bate recorde de arrecadação. Poucos críticos apostam no sucesso do filme.
Os estúdios Disney prometem mudanças nos produtos mais populares, mas não conseguem movimentar os fãs. Para alguns o desenho, recém-lançado no mercado, é apenas uma colagem com personagens já conhecidos, apoiados em trilhas musicais desconhecidas do grande público. A empresa insiste em grudar a personalidade de Walt Disney aos produtos do estúdio. Há quem diga que ele busca, a qualquer preço, um Oscar, o que consolidaria sua liderança no segmento desenho animado – e sucesso de bilheteria no longo prazo.
As notícias que chegam dos Estados Unidos dão conta de que as bilheterias dos cinemas estão movimentadas, mas não se espera o mesmo no Brasil: afinal, os cinemas que exibem o filme são em número bem menor. Nas pequenas e médias cidades, os cinemas praticamente desapareceram ou nunca foram inaugurados.
Os estúdios Disney mostram competência em ter grande faturamento não só em seus desenhos animados, mas também em outras atividades de diversão e turismo. A empresa planeja, no longo prazo, um espaço aberto onde os personagens dos desenhos possam se encontrar com o público. Não só os criados no estúdio, como Mickey, Pato Donald, Pateta e outros, mas os heróis e heroínas dos contos infantis. Essas histórias dão maior protagonismo às mulheres, como Alice, Gata Borralheira, Cinderela, independentemente de boas ou más, como madrastas, bruxas malvadas e feiticeiras.
Isso reflete o momento que vive a sociedade americana, com a chegada das mulheres no mercado financeiro, engenharia, medicina e até mesmo nas Forças Armadas. O lançamento do novo desenho é uma aposta mais do que econômica – é uma tentativa de liderar o segmento do desenho animado musicado.
O filme é uma contribuição importante para levar conhecimento às crianças. Há quem diga que o desenho animado é dirigido aos adultos e não às crianças. Afinal, música clássica, mesmo as mais conhecidas e consideradas ligeiras, não são populares. Mas o estúdio resolve correr riscos e desagradar aos acionistas com um fracasso que certamente reduzirá o valor das ações da empresa no mercado.
O projeto é antigo, mas fica pronto só em 1940, em plena Segunda Guerra mundial na Europa. Nasce o filme “Fantasia”, com oito partes, cada uma delas com personagens e musicas clássicas diferentes. A orquestra é a competente Filarmônica de Filadélfia, sob a regência do não menos competente Leoplold Stokowski. O sucesso é mundial, apesar da guerra. O desenho é revolucionário e é capaz de prender a atenção de crianças e adultos. Os cinemas escolhidos pra exibir o “Fantasia” estão equipados com nova tecnologia sonora, com qualidade de áudio que não se tem em outros filmes. O reconhecimento veio dois anos depois com dois Oscar. Um para o maestro e outro para Walt Disney. Em 1941, Disney, o ditador Getúlio Vargas e esposa assistem à estreia no Rio de Janeiro.
Contudo, o que mais o público gosta é da parte final, cujo personagem é Mickey Mouse. Ele interpreta o Aprendiz de Feiticeiro, música de Paul Dukas, e quem vê jamais esquece e pode reconhecer o simpático ratinho feiticeiro.
(*) – É âncora do Jornal Nova Brasil e colunista do R7, apresentou o Roda Viva na TV Cultura, Jornal da CBN e Podcast NEH. Tem livros nas áreas de Jornalismo, História. Mídia Training e Budismo www.herodoto.com.br.