Hugo Garbe (*)
Nos últimos meses, a reforma tributária brasileira tem sido um dos principais temas das discussões políticas e econômicas do país. Com o objetivo de simplificar o sistema tributário e promover justiça fiscal, a proposta busca reorganizar a estrutura de impostos sobre consumo, renda e patrimônio, aliviando a carga burocrática e melhorando a competitividade econômica do Brasil.
A principal meta da reforma é simplificar a complexa rede de tributos que existe hoje, substituindo cinco impostos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por um único, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Esse novo tributo será não-cumulativo e terá incidência em todas as etapas de produção e comercialização de bens e serviços, buscando maior transparência e eficiência no recolhimento.
Além da simplificação, a reforma propõe criar um ambiente mais justo e equilibrado, permitindo que todos paguem de acordo com sua capacidade contributiva. Isso se reflete na introdução de um Imposto Seletivo sobre produtos como cigarros e bebidas alcoólicas, que são considerados nocivos à saúde.
Especialistas apontam que a reforma pode trazer inúmeros benefícios à economia brasileira.
A simplificação do sistema deve reduzir custos administrativos para empresas e governo, diminuindo a burocracia e aumentando a previsibilidade para os negócios. Isso pode atrair mais investimentos estrangeiros, essenciais para o crescimento econômico. Adicionalmente, a unificação dos impostos pode reduzir as distorções econômicas causadas pela guerra fiscal entre estados, proporcionando um ambiente de negócios mais estável e competitivo.
No entanto, há desafios a serem enfrentados. A transição para o novo sistema deve ser gradual, evitando impactos negativos bruscos nas finanças públicas e nas empresas. Governadores e prefeitos estão preocupados com a perda de autonomia na arrecadação de tributos, uma vez que o IBS será compartilhado entre União, estados e municípios.
A sociedade civil e o setor empresarial têm mostrado apoio cauteloso à reforma. As grandes empresas esperam redução na carga burocrática e uma maior segurança jurídica, enquanto as pequenas e médias empresas temem que a transição possa aumentar seus custos operacionais temporariamente.
Organizações como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) têm se manifestado a favor da reforma, destacando a necessidade de um sistema tributário mais simples e justo para promover o desenvolvimento econômico brasileiro.
A reforma tributária representa uma oportunidade histórica de modernizar e tornar mais eficiente o sistema de arrecadação de impostos no país. Se implementada com cuidado e diálogo, pode levar a um crescimento econômico sustentável, maior justiça fiscal e redução da burocracia. Contudo, é crucial que os interesses de estados e municípios sejam considerados, garantindo uma transição equilibrada e justa para todos os entes federativos.
Enquanto as discussões continuam no Congresso, a população aguarda ansiosamente por mudanças que possam trazer um alívio fiscal e promover um ambiente mais próspero e justo para todos.
(*) – É professor de Ciências Econômicas do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.