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Inteligência Artificial e a experiência de ensino personalizada para o aluno

em Tecnologia
segunda-feira, 15 de julho de 2024

Harrison Milão (*)

Mesmo com toda a transformação tecnológica que veio para mudar a forma como vivemos, impactando também positivamente as relações de trabalho, há ainda quem veja a IA com pessimismo e não como uma oportunidade. Mas não se engane: as pessoas que utilizam a inteligência provavelmente substituirão as que não a adotam. Afinal, essa tecnologia veio para fortalecer, e não para substituir, o desempenho humano.

O fato é que não é mais uma promessa ou fantasia. Em pouco tempo, ferramentas como o ChatGPT, por exemplo, estão fazendo mudanças significativas na maneira como aprendemos e ensinamos. Na educação, o impacto mais significante é a possibilidade de uma experiência de ensino totalmente personalizada para o aluno.

Os algoritmos analisam dados específicos de cada pessoa para criar uma experiência adaptada às suas necessidades e objetivos, inclusive oferecendo mentoria de suporte e instrução. Tratando-se do mundo corporativo, é possível mapear toda a jornada de conhecimento profissional e saber exatamente quais os objetivos daquela pessoa, por exemplo, migrar de área, ganhar mais e até mudar de carreira. São inúmeros os benefícios que a IA proporciona a partir da análise preditiva.

Importante lembrar que, essa mudança segue a agenda e a tendência para 2030, ancorada no Consenso de Pequim, documento estipulado em 2019 pela UNESCO, sobre como aproveitar mais a Inteligência Artificial voltada para a melhoria da educação. Dentre as várias recomendações do acordo, está a promoção do uso equitativo e inclusivo da IA superando barreiras relacionadas à deficiência, status social ou econômico, origem étnica ou cultural, e localização geográfica.

Este objetivo enfatiza a igualdade de gênero e assegura o uso ético, transparente e verificável dos dados educacionais. Para o lado dos professores, eles são diretamente beneficiados com ferramentas de avaliação e feedback instantâneo para os alunos, automatizando tarefas administrativas e reduzindo a margem para erros.

Pensando no Brasil, país historicamente mal avaliado em programas como o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o uso da IA terá um impacto enorme na redução do gap educacional entre alunos, tornando a educação acessível onde quer que eles estejam. A tecnologia é internacionalmente reconhecida para reduzir as diferenças entre os estudantes de baixa e alta renda, e já foi adotada como programa oficial de alfabetização de um importante estado brasileiro.

. Cases de sucesso – O programa Letrus visa elevar o nível de alfabetização em escolas de ensino básico e secundário. Utilizando inteligência artificial, a plataforma oferece aprendizado personalizado e em tempo real para alunos e professores. Além de conteúdos personalizados, ela fornece recomendações práticas para melhorar o desempenho dos estudantes.

Em um país com tanta desigualdade no acesso tecnológico, corremos sim o risco de aumentar a disparidade de ensino. É fundamental garantir que todos os alunos tenham acesso igualitário às ferramentas necessárias para explorar os benefícios da IA. Quando comparamos as grandes capitais com regiões mais remotas, a diferença no acesso à internet torna o problema ainda mais latente.

Por fim, investir em Inteligência Artificial, aplicada à educação, tem um aspecto ético e social por si só, mas vai muito além disso. O mercado global de tecnologia educacional já beira os 200 bilhões de dólares anuais com crescimento significativo previsto para mercados emergentes. Ao fornecer ferramentas educativas acessíveis e econômicas com o uso de IA e dados inteligentes, as empresas podem sair na frente em um mercado praticamente inexplorado.

(*) – É Diretor de Tecnologia da Elleve, ed-fintech voltada para financiamento e fomento de carreiras (https://elleve.com.br).