Guibson Trindade (*)
A participação da mulher negra no mercado de trabalho brasileiro tem sido marcada por desafios e significativas disparidades em relação a outros grupos demográficos. Um estudo recente analisou a situação no período de 2010 a 2022, revelando que, apesar de avanços na representatividade no mercado formal, persistem diferenças salariais e obstáculos no acesso à educação superior.
As mulheres negras enfrentam diferenças salariais em comparação com mulheres brancas e homens, evidenciando a necessidade de políticas e ações afirmativas para promover a equidade salarial. A persistência dessas disparidades ressalta a urgência de medidas para garantir remuneração justa e igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho.
É fundamental destacar a importância da diversidade e inclusão nas empresas e instituições para promover um ambiente de trabalho mais justo e igualitário. O papel da educação na ascensão profissional das mulheres negras é fundamental. Políticas de cotas e programas de inclusão educacional têm impacto positivo na ampliação do acesso à educação superior e no fortalecimento das oportunidades de emprego qualificado para esse grupo demográfico.
Para promover a equidade de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro, é essencial a implementação de políticas públicas e de ações afirmativas. Ampliar as melhorias observadas nos últimos anos e superar as limitações enfrentadas pelas mulheres negras são passos essenciais para construir um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário para todos os grupos sociais.
Quando falamos em estatísticas específicas sobre as mulheres negras no mercado de trabalho e no mercado corporativo brasileiro, precisamos recordar da baixa Representação em Cargos de Liderança. No Brasil, as mulheres negras ocupam apenas uma pequena fração dos cargos de liderança nas empresas. De acordo com o Instituto Ethos, em 2020, as mulheres negras representavam apenas 0,4% dos cargos de presidente e 0,9% dos cargos de vice-presidente das 500 maiores empresas do país.
Além disso, enfrentam uma disparidade salarial significativa em comparação com homens brancos e mulheres brancas. Segundo dados do IBGE, em 2019, o rendimento médio mensal das mulheres negras ocupadas correspondia a aproximadamente 58,9% do rendimento dos homens brancos. Outro dado alarmante é a Taxa de Desemprego. As mulheres negras têm uma taxa de desemprego mais elevada em comparação com outros grupos demográficos.
De acordo com dados do IBGE, a taxa de desocupação entre as mulheres negras no Brasil estava em torno de 16,4% no segundo trimestre de 2021, enquanto a média nacional era de cerca de 14,1%. Isso estimula a Presença em Setores Informais e Vulneráveis, onde são frequentemente encontradas em empregos informais e setores vulneráveis da economia.
Elas representam uma parcela significativa da mão de obra em ocupações como domésticas, serviços de limpeza e cuidados, que geralmente oferecem baixos salários e poucos benefícios. A solução para reduzir esses impactos é ampliar as ações afirmativas das empresas, que devem priorizar as mulheres negras por várias razões importantes: Dupla Discriminação, Maior Vulnerabilidade, Desigualdade Salarial e Sub-representação em Cargos de Liderança.
O Índice ESG de Equidade Racial (IEER) é uma métrica que mensura o número de desvios padrões em que o número de negros em determinada ocupação supera o valor esperado, levando em consideração uma população de referência. Esse índice passa por uma transformação algébrica para comparar a equidade racial entre diferentes ocupações e empresas.
No contexto das mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro, o IEER é utilizado para avaliar a representatividade e a equidade racial. Valores do IEER próximos de -1 indicam uma sub-representação das mulheres negras, enquanto valores próximos de 0 apontam para uma situação de equidade. Por outro lado, valores positivos indicam uma dominância das mulheres negras na ocupação considerada.
Além disso, o IEER ponderado é um indicador importante que considera a representatividade das mulheres negras em diferentes grupos de ocupação, como não-liderança, gerência e diretoria. A análise desses valores ao longo do tempo permite avaliar a evolução da equidade racial no mercado de trabalho para as mulheres negras.
O Índice ESG de Equidade Racial Mulheres Negras é uma criação da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, disponibilizado gratuitamente para auxiliar as empresas de diversas formas e contribuindo para a promoção da diversidade e equidade racial em seus ambientes de trabalho.
Seus principais insights são: avaliação da representatividade, identificação de desigualdades e Definição de metas e políticas de equidade. Este ano, durante o 3º Fórum Pacto das Pretas, novos indicadores serão apresentados, auxiliando as empresas no desenho de ações afirmativas com mais assertividade.
(*) – É gerente executivo do Pacto de Promoção da Equidade Racial (http://pactopelaequidaderacial.org.br).