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Laboratórios x consumidor: até onde vai a disputa?

em Especial
terça-feira, 02 de julho de 2024

Até o final do ano deverá ser aprovada a Política Nacional de Oncologia. E o que isso tem a ver com a população, de forma geral? Muito, porque assim o Ministério da Saúde adquire (ou incorpora, na linguagem do setor) medicamentos em grande quantidade, ganhando em preço e volume para distribuir a todos Estados do Brasil. Com isso, a letalidade também diminuirá, oferecendo melhores condições de vida e de recuperação, quando for o caso.

Companheiros, a luta continua! De um lado os laboratórios, empenhando-se na pesquisa, investindo e, em muitas ocasiões, passando a oferecer grandes soluções, e de outro o consumidor, que precisa de medicamentos, de eficiência e a preços justos. Algumas das doenças que hoje nos matam, deixarão de ser letais, esclarece Paulo Amaral, professor de Bioengenharia no Insper e pesquisador de genética molecular, perguntando, ele próprio, na sequência: “Mas, a que custo?” Há medicamentos novos, lançados, que custam R$ 100 mil a dose, outros R$ 1 milhão e até R$ 3 milhões”, ilustrou, para se ter ideia de quantos rounds tem essa luta que muitas pessoas travam no dia a dia.

“Existem situações em que dá vergonha de receitar certos medicamentos, porque a gente vê que aquele doente não tem a mínima condição de comprar”, completa Helano Freitas, oncologista do AC Camargo Center. Paulo e Helano participaram, ao lado de Isabela Furtado, Silvia Sfeir (ambas professoras da Casa) e Haliton Alves de Oliveira Jr (Hospital Alemão Oswaldo Cruz), do painel “Inovação em Saúde: conciliando o melhor cuidado para o paciente e a sustentabilidade financeira do sistema”, promovido pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), em São Paulo.

Existem situações em que dá vergonha de receitar certos medicamentos, porque a
gente vê que aquele doente
não tem a mínima
condição de comprar

Os convidados abordaram os desafios e sucessos na incorporação e avaliação dessas inovações no mercado e na prática clínica. O dia a dia desses profissionais voltados à saúde não é simples. Quer ver? Exemplo: o Sistema Único de Saúde (SUS) que em muitas ocasiões tem poder de barganha extraordinário para discutir preços – ilustrou Silvia, que também é diretora de Vendas e Acesso a Mercado — , porque tem “uma carteira” de 160 milhões de pessoas no país, depara-se com a seguinte situação: um determinado medicamento de custo de R$ 3 milhões pode salvar a vida de uma pessoa. Mas é uma. A mesma quantia, distribuída entre um grupo de pessoas também doentes, pode salvar / melhorar a vida delas. E a questão que se coloca é a de salvar uma ou atender um grupo…

“Proporcionalmente ao PIB, o Brasil gasta o equivalente a que outros países desenvolvidos economicamente fazem. O que complica, é que nosso PIB é pequeno”, observa Isabela Furtado, professora de Economia da Saúde e coordenadora do MBA Executivo em Saúde do Insper.

Enfim, a discussão é longa e oferece muitas nuances, pois quando se trata de saúde o tema é bem complexo e, por que não dizer, apaixonante. E se você tem interesse em acompanhar de perto o que o Brasil está fazendo para melhorar a saúde da população, o que falta e por que falta, uma das boas alternativas é conhecer o trabalho do Insper, que reúne expertise em diversas áreas do conhecimento.