As pautas sobre diversidade e inclusão estão maiores nos ciclos sociais. Isso ocorre, em certa medida, pela ascensão do conceito ESG, mas também pela ampliação do acesso à informação por parte da população. No ambiente corporativo, esse é um tema que avança e coloca em perspectiva que o ‘S’ do tripé vem ganhando relevância entre as organizações.
De acordo com pesquisa Panorama da Acessibilidade Digital, desenvolvida pela Hand Talk, startup pioneira no uso de inteligência artificial para acessibilidade digital, em parceria com Movimento Web para Todos, o pilar social já se tornou prioridade para 79% das empresas no Brasil. Quando o assunto é acessibilidade digital, processo que ajuda a eliminar as barreiras de acesso à web, a discussão afunila: a falta de conhecimento sobre o conceito ainda é gargalo para 54% das companhias, ainda segundo o estudo.
Isso elucida que, por mais que as organizações tenham o pilar social como base para direcionar as estratégias ESG, falar sobre uma internet acessível continua distante de se tornar realidade. “Há anos estamos observando o interesse de muitas empresas em se tornarem inclusivas para diferentes comunidades, inclusive das pessoas com deficiência, mas que não criam políticas concretas para embasar esse desejo.
Estratégia é quando colocamos na ponta do lápis o que isso vai trazer de impacto positivo para a sociedade e para o negócio, e muitas organizações ainda estão caminhando para adotar essa postura proativa”, conta Ronaldo Tenório, CEO e cofundador da Hand Talk.
De acordo com último levantamento da The World Bank, 1 bilhão de pessoas (ou 15% da população mundial) estão sendo desatendidas pelo comércio, não apenas o eletrônico, por conta da falta de acessibilidade.
A pesquisa – realizada de 26 de junho a 31 de julho de 2023, com uma amostra de 647 respondentes, composta por executivos, pessoas com deficiência e especialistas em acessibilidade digital – também apresenta que mais de 61% das empresas não realizam cursos relacionados às iniciativas de acessibilidade digital e 42% não contratam especialistas no tema ou em diversidade e inclusão.
“Esse fato demonstra que é necessário educar as organizações sobre a relação entre o pilar social e estratégias de D&I, além de afinar a discussão para uma internet em que todas as pessoas consigam acessar sem barreiras de comunicação e interação”, explica o executivo.
Empresas incentivam mais a inclusão das pessoas colaboradoras do que as pessoas consumidoras
Quando questionadas sobre os principais objetivos para a adoção de práticas de acessibilidade digital, o panorama demonstra que 30% das empresas se preocupam com a inclusão dos funcionários e 18%, com a inclusão das pessoas consumidoras. Tenório comenta que as duas categorias de público não competem entre si e é crucial que as empresas adotem iniciativas para conversar com ambos de uma forma que não seja desproporcional.
“Um posicionamento sólido só é construído com estratégias internas e externas que estão em sintonia. Investir em acessibilidade digital para as pessoas colaboradoras é essencial, mas as organizações não podem esquecer do mercado consumidor que deseja se relacionar e criar conexões com a marca”, explica, ao acrescentar que é importante que a diretoria reavalie os princípios organizacionais e crie indicadores para entender como a acessibilidade pode gerar valor intangível entre público interno e externo, por exemplo.
“Algumas empresas priorizam mais o assunto do que outras por questões estratégicas, mas esse é um ponto que sempre deve ser questionado e provocado”, incentiva Tenório.
Regulamentação em acessibilidade digital avança, mas ainda não é prioridade para médias e pequenas empresas. O estudo mostra que 65% das empresas incorporam as diretrizes da Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015).
É válido ressaltar, também, que companhias com mais de 10 mil colaboradores tendem a adotar a regulamentação com mais prioridade do que médias e pequenas empresas, com a afirmação de 19% das pessoas entrevistadas. O Panorama da Acessibilidade Digital 2023 também coloca em perspectiva que 40% das empresas investem em políticas, além de contratar especialistas sobre o tema.
Os executivos entrevistados contam que são necessárias campanhas amplas de conscientização e uma regulamentação mais específica dentro da Lei Brasileira de Inclusão para tratar sobre acessibilidade digital, com base nas Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG), conjunto de regulamentações desenvolvido pela W3C – World Wide Web.
Realizar testes de usabilidade e promover diálogos mais abertos com as pessoas com deficiência entram como elementos complementares para gerar uma nova camada da acessibilidade nas organizações. “Com esses passos, empresas de diferentes portes e setores conseguem levar a discussão sobre diversidade e inclusão digital para outro nível, gerando valor intangível para a organização e para o mercado como um todo”, finaliza Tenório. – Fonte e outras informações: (https://www.handtalk.me).