Luciana Zanini (*)
No mundo empresarial, cada número tem uma história, resultados têm rostos. Números materializam resultados de diversas naturezas, sejam financeiros, operacionais, pessoais, ou comportamentais. Lidar com números e entender seus impactos é possível apenas ao enxergar as pessoas que os constroem e fazem a mágica acontecer.
A compreensão do que constitui uma “empresa” vai além das fronteiras convencionais associadas ao lucro e resultados tangíveis. Originário do italiano, o termo “impresa” sugere uma atividade marcada por dedicação e esforço, não limitada apenas ao contexto comercial. Dessa forma, os ensinamentos do mundo empresarial são aplicáveis em um espectro mais amplo de atividades humanas.
Essa ampliação do conceito nos leva a apreciar a universalidade das experiências e aprendizados empresariais. O verdadeiro valor do capital humano vai além da mera contratação de talentos; ele envolve criar ambientes que promovam satisfação e motivação, essenciais para a eficiência coletiva.
Dados recentes da Bain & Company indicam que apenas 22% dos profissionais consideram a compensação financeira como o fator mais importante em um emprego. Isso sugere que, embora um salário justo seja fundamental, aspectos como o engajamento no trabalho (valorizado por 15% dos profissionais) e a associação com uma empresa que inspire (importante para 5% dos entrevistados) são também vitais.
Outro estudo, da Randstad, revela que 39% dos trabalhadores prefeririam manter suas posições atuais a aceitar promoções que não lhes trazem satisfação. Esse dado sublinha uma transformação na percepção de sucesso profissional, valorizando o bem-estar e a realização pessoal, não raramente, acima de avanços hierárquicos.
Ainda de acordo com a pesquisa, a relevância da inteligência emocional no ambiente de trabalho também está se tornando cada vez mais inegável, com uma projeção de aumento de 26% na demanda por tais habilidades até 2030. E o que isso indica? A necessidade primária de líderes com competências emocionais bem desenvolvidas. Peças fundamentais para uma gestão eficaz e humanizada.
Atividades que valorizam seus membros não apenas atingem a excelência em desempenho financeiro, mas também são berços de inovação e sustentabilidade. Nesse cenário, emerge a concepção de liderança não como uma posição de autoridade, mas como a capacidade de criar um ambiente onde os indivíduos se sentem valorizados e motivados a contribuir com o melhor de si.
Líderes excepcionais são aqueles que cultivam espaços de trabalho que permitem a motivação interna florescer, conduzindo a um desempenho aprimorado tanto no nível individual quanto coletivo. Todos os dias, somos convidados a considerar nossa própria contribuição na construção de ambientes de trabalho mais acolhedores e significativos.
Cada um de nós tem a oportunidade de atuar como arquiteto de um espaço onde respeito, empatia e reconhecimento não são apenas aspirações, mas a realidade cotidiana. Ao cultivarmos tais ambientes, reforçamos a essência da verdadeira atividade empresarial, onde cada história pessoal é valorizada e cada rosto por trás dos números é visto e reconhecido.
(*) – É executiva, especialista em finanças, pessoas e negócios e diretora Financeira e Administrativa no INHOTIM.