Carolina Gilberti (*)
O ecossistema brasileiro de startups vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, atraindo mais empreendedoras, empresas e investimentos. No entanto, ainda temos muito a amadurecer e crescer. Por um lado, isso é muito positivo – quanto mais desafios, mais oportunidades. Por outro, o amadurecimento e crescimento do ecossistema dependem da educação, mudança de cultura, e claro, de recursos.
O Brasil é um país empreendedor. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em 2022, homens e mulheres superaram o total de 30 milhões de donos de negócios – o maior número da série histórica. O mesmo estudo, com base em dados do IBGE, revelou que o percentual de empreendedoras em relação ao total de negócios chegou a 34,4% no país, somando 10,3 milhões de mulheres à frente de empresas.
Para um cenário pós-pandemia, é um avanço, mas ainda está abaixo da sua real potência, principalmente em relação ao público feminino.
No segmento das startups, infelizmente, a presença delas é ainda menor. Segundo o “Femle Founders Report 2021”, estudo elaborado pela empresa de inovação Distrito em parceria com a Endeavor, rede global de empreendedorismo, e a B2Mamy, empresa que capacita e conecta mães ao ecossistema inovador, 4,7% das startups no Brasil são fundadas por mulheres, enquanto 90,2% são exclusivamente por homens.
Em contrapartida, estudo do Boston Consulting Group, em parceria com a MassChallenge revelou que investir em negócios criados por mulheres gera quase três vezes mais retorno que financiar aqueles desenvolvidos por homens. De acordo com a pesquisa, que observou 350 empresas, a cada US$ 1 investido em uma organização fundada por uma mulher, o retorno foi de US$ 0,78, enquanto os homens geraram menos da metade, US$ 0,31.
Diante disso, é preciso investir na educação e no letramento das pessoas e do mercado, e isso inclui as mulheres. Se estamos incentivando mais mulheres a entrarem no ecossistema de startups, precisamos conscientizar as que já se encontram lá de que seus negócios somente sobreviverão se forem vistos, ouvidos, considerados e, consequentemente, investidos.
Porém, para que essa sequência tenha resultados positivos, necessitamos mudar o comportamento diante das análises e descamar os vieses cultural e social. Portanto, quando for avaliar o pitch de uma mulher, não pergunte se ela tem filhos e se vai dar conta de tocar o negócio mesmo sendo mãe.
Tente fazer os mesmos questionamentos que faz a um homem. Foque na solução, nas entregas e em como ela vai ganhar dinheiro. Jamais devemos subestimar a capacidade cognitiva de uma mulher!
(*) – É CEO da Mubius Womentech?Ventures, a primeira WomenTech do Brasil (https://mubius.ventures/).