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Maioria acredita que a economia funciona para beneficiar poderosos

em Destaques
segunda-feira, 04 de março de 2024

A sociedade contemporânea segue enfrentando uma profunda crise estrutural, revela a pesquisa “Global Advisor Populism in 2024”, conduzida pela Ipsos. Os resultados indicam que cidadãos ao redor do mundo se sentem cada vez mais excluídos e descontentes com os sistemas políticos e econômicos vigentes em suas nações.

Quando o tema é economia, sete em cada dez brasileiros (74%) acreditam que a economia do país funciona para beneficiar ricos e poderosos – 8 pontos percentuais acima do índice global, que é de 67%. O resultado brasileiro mostra um aumento de 10 pontos percentuais quando comparado aos resultados do país na onda anterior, realizada em 2022 (64%), mas ficaram abaixo do pico registrado em 2021, que foi de 80%.

Neste quesito, a África do Sul lidera este ano, com 80% de concordância com a afirmação, e a Holanda aparece na outra ponta com 48%. A pesquisa também pergunta a percepção de que “a sociedade do país está quebrada”. 62% dos entrevistados brasileiros concordam com a afirmação. A África do Sul, novamente, aparece em primeiro lugar com 76%; seguida pela Suécia com 73%. O índice global dos países pesquisados é 57%.

“O número do Brasil, se comparado com a onda de 2021, última vez em que a pergunta foi feita, mostra uma expressiva melhora. Na ocasião 72% dos entrevistados diziam que a instituição sociedade estava quebrada”, comenta Marcos Caliari, CEO da Ipsos no Brasil.

A pesquisa também revela que, em diversos países, os cidadãos enxergam sua nação em declínio. Dentre os 28 países participantes do estudo, os índices mais elevados são mais uma vez da África do Sul (72%), seguida por Holanda (71%) e Suécia (71%). Neste tema, o Brasil teve uma melhora significativa com relação a onda 2021 (69%), ocupando a 21ª colocação.

Os brasileiros continuam acreditando que a nação precisa de um líder forte e disposto a quebrar regras para consertar o país – 68% concordam com a afirmação. O resultado deixa o país na 10ª posição no ranking global. A Tailândia é a nação que mais concorda com a questão (80%), conquistando o primeiro lugar. Na outra ponta do ranking aparece a Alemanha, com 38%.

O estudo da Ipsos também revela que 77% dos entrevistados brasileiros apoiam que o governo aumente os gastos com saúde e 75% com educação; 74% apoiam o aumento dos investimentos em segurança pública e 70% apoiam os gastos para a redução da pobreza e desigualdade social. Em todos os quesitos, o país aparece acima das médias globais.

No entanto, quando perguntados se concordavam com o aumento de taxas e impostos para essa para estes gastos públicos, 66% dos brasileiros se mostraram contra e 14% a favor – os outros 20% não souberam/não quiseram responder. O número deixa o Brasil empatado com a Argentina como os países mais contrários a este aumento. Já no topo do ranking, 40% dos indianos concordam em pagar mais impostos para melhorar os serviços públicos.

O estudo mostra que, globalmente, 67% dos entrevistados acreditam que as classes de elite política e econômica do país não se importam com a classe trabalhadora. No Brasil este número é ainda maior: 74% concordam com a afirmação, deixando o país em 4º lugar no ranking, atrás de África do Sul (80%), Tailândia (78%) e Hungria (77%). A principal divisão da sociedade brasileira, hoje, é entre elites políticas e econômicas e os cidadãos comuns. 69% dos brasileiros concordam com a afirmação.

A média dos 28 países pesquisados é de 67% de concordância, com a Hungria encabeçando o ranking com 80%. Globalmente, o nativismo aparece mais prevalente na Turquia (77%), Índia (76%) e Chile (60%). As três nações encabeçam o ranking quando perguntado se o país seria mais forte se parasse de aceitar imigrantes.

Com apenas 28% de concordância, o Brasil é um dos que menos concordam com esta afirmação, ao lado de Coreia do Sul (19%) e Japão (16%). Turquia (74%) e Índia (75%), novamente, lideram o ranking entre as nações que mais acreditam que os imigrantes tiram oportunidades de trabalho dos cidadãos nascidos no país. No Brasil, 32% dos entrevistados concordam com a afirmação, deixando o país 10 pontos percentuais abaixo da média global, de 42%. – Fonte e mais informações: (https://www.ipsos.com).