Final de ano é um momento oportuno para organizar viagens em família, entre amigos, explorar novos lugares e aliviar as tensões do trabalho ao longo do ano. Porém, nem todas as empresas conseguem paralisar suas atividades e proporcionar folga aos seus colaboradores, tampouco férias.
“Diante desse cenário, que tal falarmos em estruturar políticas para um Work From Anywhere? Esse formato é uma tendência mundial e uma verdadeira revolução para o trabalho remoto”, explica Cláudia Danienne, empresária do segmento de Gente & Gestão, com mais de 25 anos de know-how no mercado corporativo.
Somente no Brasil, são 9,5 milhões de pessoas que já trabalham remotamente, segundo dados de um levantamento inédito realizado pelo IBGE em 2022 e divulgados em outubro de 2023. Há uma lista de países já benchmark na modalidade, como USA, Holanda, Alemanha e a Nova Zelândia despontando na relação de nômades digitais. De outro lado, uma pesquisa realizada neste ano pela Mercer Brasil, ouvindo profissionais de RH de 365 empresas no País, apontou que 61% dos gestores não aceitam bem os modelos flexíveis.
“Isso porque o formato Work From Anywhere, assim como home office, envolve mudanças para as quais o mundo do trabalho ainda não está totalmente preparado. A cultura organizacional precisa estar alinhada com esse método profissional. Vemos cases extremamente relevantes mundialmente, com benefícios tanto para as corporações quanto para os colaboradores. É o chamado ganha-ganha.
No final do ano, por exemplo, caso a empresa já tenha estruturado a prática de WFA, vale a pena previamente comunicar e expandir para mais colaboradores a proposta. Antenados com as regras, compromissos e controles necessários. Não pode ser uma “aventura” e nem de forma amadora essa liberação. Se o profissional conseguir se planejar previamente para viajar e, ao mesmo tempo, manter suas funções à distância, ele estará satisfeito, conseguirá aproveitar possíveis promoções turísticas, tende a ficar mais comprometido com a corporação e, com isso, a organização mantém o expediente com a equipe engajada”, ressalta Cláudia.
Porém, a executiva organizacional explica que, para adotar o WFA “é necessário ter uma cultura empresarial que permita esta prática de forma profissionalizada, líderes com perfis de gestão contemporâneos, diferente de tempos atrás, quando o escritório era de fato um apelo emocional para obter produtividade, onde o trabalhador precisava estar presente, com atividades de recreação, alimentação, tudo concentrado, e assim era observado e demonstrado física e visivelmente seu empenho.
Trabalhar de qualquer lugar do mundo implica em outro mindset, em empresas com cultura digital. Não basta dar um notebook para cada colaborador e acreditar que fizeram transformação digital”, comenta Cláudia. A corporação deve ter políticas de segurança cibernética, softwares de gestão de desempenho, agendas constantes com pautas relacionais mesmo à distância, valorizar diversidade etc. Já o colaborador precisa ter um perfil disciplinado e comprometido, compatibilizando com a saúde e o bem-estar, que são aspectos diretamente relacionados à tão valorizada e almejada humanização nas empresas.
“Nesse sentido, a liderança tem um papel crucial em engajar e estimular a performance, independentemente da distância”, afirma a especialista. Cláudia também ressalta que, a despeito de ser uma tendência para o mercado corporativo, é uma inovação e necessita ser conduzida não unilateralmente, mas conforme o momento da empresa, o perfil do colaborador e o tipo de função, até porque não é toda empresa e função que permite esta modalidade.
“É extremamente importante ouvir as pessoas e chegar ao equilíbrio para a saúde organizacional, a satisfação de equipes e a certeza de uma nova forma de entregar valor do Business à cadeia de valor“, complementa a especialista.
Quatro dicas práticas para viabilizar o Work From Anywhere
– Cultura – Planejamento com processos – A empresa precisa se estruturar em vários aspectos, tais como: infraestrutura digital, políticas, compromissos etc. Descrever claramente como vai funcionar esse formato de trabalho e alinhar com o colaborador, engajando na modalidade.
– Flexibilidade e foco na produtividade e não em carga horária de trabalho
Exemplo, a questão do fuso horário. Defina exatamente como deve ser a atuação se houver diferença de horário, isso não pode comprometer em nada o desempenho.
– Tecnologia – Garantir uma configuração de trabalho sólida com recursos devidos, ter softwares robustos de gestão e monitoramento do trabalho remoto. Há vários no mercado com salas de grupos, com agendas de interação etc. Orientar sobre como deve e pode ser a conexão, não só técnica, mas, também, comportamentalmente. E, claro, disponibilizar os recursos básicos, como um bom notebook, celular e todo e qualquer gadget eletrônico que for necessário para o desempenho com excelência. Certifique-se bem antes de oferecer ou aderir.
– Liderança – Comunicação interna- Crie, além da tecnologia, mecanismos para garantir que toda a equipe esteja constantemente informada, aproximada e conectada com as entregas e atividades organizacionais (@claudiadanienne.insights).