Heródoto Barbeiro (*)
Há uma série de coisas que não vão dar certo. Não tem como sobreviver. Não há sustentação econômica e financeira.
Entre elas estão o avião, a televisão, o rádio, os raios X, a internet e até o McDonald. Esses avanços e invenções fazem parte da ficção que atrai os sonhadores e consumidores. Imagine se um dia o telefone físico vai ser substituído pelo smart phone… Pura fantasia! Os romances de ficção científica estão cada vez mais populares e as histórias são contadas em livros e telas de cinema.
O enredo vai de implantação de uma colônia de humanos em Marte, instalação de uma indústria mineradora na Lua, até a cura da maior parte dos cânceres. Quem não gostaria de viver em uma época em que tudo isso fosse possível? Esses temas se tornam populares e são debatidos tanto por especialistas como pelos leigos de uma forma geral. Afinal, qualquer pessoa tem o direito de opinar, aprovar ou reprovar ideias e previsões que são espalhadas pela mídia. Mesmo sendo especialistas em coisa alguma.
Arthur Clarke, autor de 2001 Uma Odisseia no Espaço, diz que em breve o globo será conectado pelo WWR, o World Wide Radio. Impossível, uma vez que não há satélites disponíveis nem foguetes para lançá-los no espaço. Clarck insiste no uso de bombas V2 tomadas da Alemanha nazista no final da Segunda Guerra mundial. Pura ficção, dizem os seus críticos. É melhor continuar escrevendo sobre ficção científica.
A comunicação é o alvo de pesquisas desenfreadas de universidades e empresas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Os investidores são duros em injetar dinheiro em start ups, que ninguém sabe se vai dar certo. É muito mais seguro investir no que dá lucro, como petróleo, gás ou aço. Os acionistas dos grandes investimentos não querem correr risco, por isso ao invés de uma fábrica de caixão de madeira, com um tubo que mostra uma imagem cheia de chuvisco, e melhor financiar uma indústria de telégrafo. Este não tem erro, já foi testado no mundo todo e funciona. Essa história de grandes aeronaves de metal que podem transportar dezenas de passageiros não passa de conteúdo de revistas de histórias em quadrinhos.
Aconselhar os capitalistas, grandes ou pequenos, sobre o que vai dar lucro no futuro é um grande risco. Afinal, prever é muito difícil, especialmente se for o futuro, diz Niels Bohr. Contudo faz parte da economia capitalista industrial correr o risco. Isso também faz ações de empresas subirem ou caírem na bolsa. Seis semanas depois de o The New York Times dizer no editorial que nem em mil anos alguém poderia inventar uma aeronave voadora mais pesada que o ar, os brothers Wright voam em 1903.
Quando Santos Dumont decola com o 14 Bis, em Paris, eles já têm tudo patenteado e montam uma fábrica de aviões. Não foi a única mancada registrada no início do século 20. De um lado os eufóricos com um monte de novidades; de outro, os céticos que duvidam das utilidades domésticas que facilitam o trabalho em casa. Só mesmo um sonhador pode apoiar um projeto maluco, como uma máquina capaz de levar a voz humana de um ponto da linha para outra. D. Pedro II, imperador do Brasil, na feira mundial de Filadélfia, ainda no século 19 não titubiou.
Viu o invento de Graham Bell e comprou um telefone para instalar no Rio de Janeiro, capital do Brasil.
(*) É jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo.