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Demência Digital: Será que você está doente?

em Destaques
quarta-feira, 18 de outubro de 2023

O uso indiscriminado de celulares e jogos online tem aumentado o número de pessoas afetadas pela doença do século XXI

Segundo o relatório Digital 2023: Brazil, da We Are Social em parceria com a Meltwater, a proporção de brasileiros conectados cresceu de 70% em 2019 para 84,3% em 2023. O Brasil se destaca nas estatísticas globais. De acordo com relatório da Data Reportal de 2023, o brasileiro passa em média 9 horas e 32 minutos na internet por dia, o que representa 2,5 horas acima da média global. Além disso, o país está em quarto lugar com o maior tempo de tela dentre uma lista de 44 países.

Muitos acreditam que o uso excessivo dos dispositivos eletrônicos é inofensivo à saúde humana. No entanto, um recente estudo do Corpo Clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, alerta sobre a chamada demência digital, que afeta o rendimento cognitivo dos usuários, levando muitas pessoas à tratamento.

Mas afinal , o que é Demência Digital?
O termo foi criado por especialistas coreanos que estudam o impacto do excesso de uso e dependência de dispositivos e aparelhos eletrônicos desde 1990. De acordo com o estudo, observa-se uma deterioração crescente das funções e habilidades cognitivas dos indivíduos, onde há um desequilíbrio entre o desenvolvimento do lado esquerdo e direito do cérebro. As evidências mostram que o cérebro de pessoas viciadas em smartphones e jogos online tem um comprometimento significativo do lado direito, onde se concentram áreas relacionadas ao nosso foco e memória. Isso aumenta as chances do desenvolvimento de demência no longo prazo.

Os prejuízos estão presentes em todos os indivíduos que se tornam dependentes ou viciados em dispositivos digitais, sendo o caso mais crítico em crianças e jovens, uma vez que o cérebro humano só atinge a sua maturidade funcional aos 23 anos. Nesta fase, a atrofia cerebral pode trazer sérios riscos para a capacidade de concentração, formação de memórias (base do aprendizado) e os danos podem ser irreversíveis. Além disso, o ser humano não é só prejudicado em seu sistema cognitivo, outro efeito devastador do excesso de tempo de telas é a socialização. Como seres sociais, o ser humano precisa interagir consigo mesmo e com o mundo ao redor. Quando as pessoas ficam restritas ao mundo digital, elas acabam perdendo a capacidade de empatia e de lidar com as próprias emoções e as dos outros.

Para a coach de líderes e empresas, Leila Santos, as ações que podem mitigar os riscos da demência digital, começam pelo controle do uso de eletrônicos. “O mais importante é limitar o uso diário e alternar os estímulos que favorecem o desenvolvimento cerebral, especialmente das crianças. De acordo com a Sociedade Americana de Pediatria, nenhuma criança abaixo de 6 anos deveria usar telas, uma vez que os riscos de comprometimento cerebral são muito altos. O problema é que a maioria de nós não tem ideia de quantas horas ficamos diante de uma tela ou navegando nas redes sociais. Comece olhando as estatísticas do seu celular para tomar consciência desse número e trace metas para ir reduzindo esse tempo aos poucos. Seja mais seletivo e procure se engajar com conteúdos que tragam valor para sua vida. Ao final do dia, pergunte-se: de tudo o que eu vi hoje, o que de fato gerou aprendizado?”.

No ambiente corporativo não é diferente. A demência digital afeta habilidades cognitivas essenciais para o desempenho profissional: foco, concentração e aprendizado. Sem elas, os profissionais começam a ter dificuldades para resolver problemas, fazer análises e inovar. “Na minha opinião as empresas deveriam fazer campanhas de conscientização alertando sobre os riscos para a saúde física e mental, criando espaços físicos para experiências sensoriais diversas, que despertam interesse e convivência social. Estas ações podem amenizar os danos causados pelo excesso de telas ao longo do dia.”, reforça Leila.