Na Coluna passada, utilizei um termo que me foi bastante perguntado. Afinal, o que seria desligamento ético? É possível fazê-lo, ou tudo não passa de bluewashing? São questões que quero debates nesta Coluna. Ninguém gosta da demissão: não conheço quem goste de demitir, e muito menos de ser demitido. É um momento de stress para ambos os lados, principalmente para o desligado, claro. Por isso, quanto mais transparente e ética foi a condução do momento, melhor.
O desligamento ético é o processo de encerrar um ciclo profissional de forma respeitosa e justa, mantendo valores éticos para ambos os lados. Isso para minimizar os impactos negativos no recém-ex-funcionário, na saúde mental de quem demitiu de fato e no clima organizacional como um todo.
O próprio ato de escolher quem será desligado já deve ser ético, mantendo os sensos de justiça e imparcialidade para não favorecer nem prejudicar alguém. A dignidade dos funcionários é um item inviolável e, assim, todos devem ser tratados com respeito e consideração. Se possível, a pessoa deve ser notificada previamente, mesmo que isso impacte sua produtividade no mês em que ficar de aviso prévio.
Durante o processo, a comunicação transparente é crucial. O funcionário deve ser informado sobre as razões para aquilo de maneira clara e honesta, sem esconder informações relevantes. Um feedback construtivo é sem bem-vindo, afinal, é interessante a pessoa saber seus pontos fortes e no que pode melhorar em sua transição de carreira.
Também não é o momento de expor a pessoa, cujos pontos sensíveis só podem ser compartilhados com consentimento prévio e nos casos de terem sua publicidade necessárias. Esse cuidado é importante e vai além do cumprimento legal da legislação trabalhista (que, obviamente, deve ser 100% realizado).
Como pós-desligamento, a empresa pode oferecer um pacote de benefícios que ajudem a pessoa a passar por esse momento crítico. Isso inclui indenizações, meses extras de plano de saúde, aconselhamento de carreira e apoio na busca de um novo emprego, como coachs de carreira e preparação de currículos.
Enfim, o desligamento ético é uma prática, uma experiência que a realidade exige e que deve ser conduzida de forma a minimizar seus impactos negativos nos envolvidos. É um processo que visa preservar direitos, dignidade e saúde emocional da pessoa.
Ao ver que as lideranças incorporam a ética no desligamento, os que ficam têm uma demonstração de compromisso com a justiça e com as transparência, mesmo nos piores momentos, e isso acaba lhes trazendo segurança e respeito à instituição.
Denise Debiasi é CEO da Bi2 Partners, reconhecida pela expertise e reputação de seus profissionais nas áreas de investigações globais e inteligência estratégica, governança e finanças corporativas, conformidade com leis nacionais e internacionais de combate à corrupção, antissuborno e antilavagem de dinheiro, arbitragem e suporte a litígios, entre outros serviços de primeira importância em mercados emergentes.