Pesquisa aponta que 42% dos pais deixam os filhos usarem a internet sem supervisão. Perito em crimes digitais, e autor do livro “Você sabe o que seu filho está fazendo na internet” destaca as principais ameaças virtuais para crianças.
Facilidade em se comunicar, acessar e compartilhar conteúdos tem feito parte da rotina das crianças cada vez mais cedo. Se por um lado, a tecnologia traz a possibilidade de aproximação e aprendizado, por outro, traz uma preocupação maior no que se refere à segurança dos pequenos na internet.
Segundo dados de uma pesquisa realizada pela empresa de cibersegurança NortonLifeLock, que ouviu cerca de mil pais, 42% permitem que seus filhos, menores de 18 anos, acessem a internet sem nenhum tipo de monitoramento, ao mesmo tempo que 72% relatam que as crianças já foram expostos à situações perigosas enquanto utilizavam a internet sem a supervisão dos pais.
Para o perito em crimes digitais, e CEO da Enetsec, Wanderson Castilho, entender a relação das crianças com as telas tornou-se um grande desafio para os pais, sobretudo porque a pandemia acelerou esse processo que aconteceria um tanto mais tarde. “Esses dois anos reforçaram a necessidade do uso da internet, observamos as escolas e os pais se adaptando ao digital. Mas é fundamental entender que o uso desenfreado e não monitorado pode oferecer riscos sérios para as crianças”, pontua o especialista. E completa: “Até mesmo a geração Z não possui as aptidões necessárias para usar a internet ao seu favor, por exemplo, para obter informações confiáveis, por isso é necessário a atenção dos pais”, alerta.
Entre os riscos oferecidos pela internet, seis se destacam. Conversamos com Castilho que elenca as principais ameaças. Veja.
Compartilhamento de informações privadas
As crianças ainda não entendem os perigos da internet, e podem compartilhar informações que a primeiro momento parecem ser inofensivas, mas que representam um certo risco. Como compartilhar endereços, fotos ou vídeos de momentos constrangedores, senhas e até detalhes do que tem em casa. Embora a publicação seja para amigos, qualquer outra pessoa mal intencionada pode ter acesso.
Grooming
A prática acontece na internet, consiste em ações de um adulto que se passa por outra criança com a finalidade de se aproximar, ganhar confiança e criar um vínculo para conseguir se aproveitar sexualmente dela.
Cyberbullying
Como quase tudo da vida real, o bullying ganhou o mundo virtual, com requintes em relação ao que já era conhecido nessa prática condenável, pois expõe a vítima na internet numa escala inimaginável.
A melhor maneira de proteção contra cyberbullying é conversar. “Converse sobre os riscos, sobre os ameaças que cercam o mundo virtual, os oriente, estabeleça um canal de comunicação aberto e de confiança” pontua o especialista.
Phishing
Uma das principais estratégias colocadas em prática por hackers atualmente é o phishing. Por meio do envio de emails, postagens em redes sociais ou mensagens SMS, que tentam se passar por comunicações de uma grande empresa, os criminosos induzem a vítima a fornecer dados pessoais, por meio do acesso a páginas falsas; da instalação de códigos maliciosos, projetados para coletar informações sensíveis; e do preenchimento de formulários contidos na mensagem ou em páginas web. Portanto, a orientação dos pais à criança, que também serve para prevenir outros tipos de crime, é que ela nunca deve clicar em links sugeridos por e-mails de desconhecidos.
Exposição aos conteúdos inadequados
A internet é um ambiente onde circula todo tipo de informação, e as pessoas também publicam o que querem. E em uma situação onde o uso da criança ou do adolescente não seja monitorado, eles podem estar sujeitos a exposição de imagens e vídeos inadequados para sua idade.
Golpes em jogos online
Geralmente os golpistas adaptam a fraude para o perfil da vítima. No caso dos jovens, eles podem oferecer acesso gratuito aos jogos online. Assim como o phishing, os cibercriminosos usam sites populares de jogos para seduzir as crianças.
Como proteger seus filhos
O perito explica que até é possível criar um ambiente digital mais seguro para seu filho – eles podem observar o comportamento no uso do computador, verificar o excesso de tempo de uso do equipamento e com quem se relacionam seus filhos nas redes. Os pais também podem optar por softwares para o monitoramento dos filhos.
“Mas lembre-se, o importante é a conversa. Quanto mais informação, maior a prevenção, a consciência digital, independentemente da idade, é o caminho mais seguro para o bom uso da internet” conclui o especialista.
