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As oportunidades de um país maduro

em Destaques
sexta-feira, 21 de julho de 2023

João Matos (*)

Dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que o envelhecimento avança de forma acelerada no Brasil. Até o final desta década, o número de jovens será menos da metade da população, configurando o fim do atual bônus demográfico, que ocorre quando um país tem mais pessoas com idade economicamente ativa em comparação à população inativa (idosos e crianças).

A questão que se coloca no país é a perspectiva de envelhecer sem ter enriquecido, a exemplo que ocorreu majoritariamente nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Diante da iminente perda do bônus demográfico, temos o desafio de buscar alternativas de desenvolvimento que sejam consistentes com o novo padrão etário e econômico que se desenha no país. A economia brasileira tem experimentado nas últimas décadas um processo de desindustrialização acelerada, o que indica a necessidade de buscar alternativas para o país. Neste sentido, um novo padrão de desenvolvimento baseado na economia sustentável e do conhecimento parece uma boa alternativa a ser seguida.

A sustentabilidade econômica está ligada ao conhecimento e à inserção competitiva das empresas brasileiras no jogo global, além de ser a base de uma sociedade estável e mais justa. Já o acúmulo de conhecimento é uma condição necessária para o desenvolvimento de soluções que causem menos impactos ao meio ambiente. Diferentemente do que havia nas sociedades industriais, o principal recurso econômico deixando de ser os recursos da natureza, capital ou mão de obra (muitas das vezes pouco qualificada), para ter como base o conhecimento e a inovação.

Deste modo, o envelhecimento populacional, antes de ser uma ameaça ao desenvolvimento, pode se constituir numa oportunidade. Estamos diante da evidência que a experiência e o conhecimento acumulado serão decisivos na construção do novo paradigma econômico que se avizinha.

Naturalmente, os custos com previdência e saúde se elevam com o passar dos anos, entretanto, o envelhecimento uma vez acompanhado de políticas de prevenção de doenças e de promoção de hábitos saudáveis, pode, paradoxalmente, se constituir num pilar da sustentabilidade dos sistemas sociais, já que o casamento da economia sustentável e do conhecimento com hábitos saudáveis, indica uma perspectiva de consistente elevação na expectativa de vida. Assim, o sistema econômico passaria a contar com indivíduos hígidos e produtivos em maior período, o que potencializará a viabilidade do padrão de desenvolvimento.

(*) É professor de ciências econômicas da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio (FPMR).