Waldir Bertolino (*)
As indústrias que não derem o primeiro passo rumo à modernização serão engolidas pelo mercado
O conceito de Fábrica Inteligente pode ser resumido como um sistema físico que usa tecnologias avançadas, como interconexão das máquinas, computação, IA (Inteligência Artificial) e Machine Learning, para analisar dados, e conduzir processos automatizados. Esse processo, permite às empresas aprender ao longo do tempo, favorecendo a criação de ambientes de produção adaptáveis, flexíveis e eficientes. As fábricas inteligentes combinam a tecnologia com a expertise e criatividade humana, garantindo processos mais ágeis e rentáveis para os negócios.
No entanto, para que seja possível implementar o conceito com sucesso, é preciso dar um passo atrás e entender a realidade da indústria. Uma fábrica só pode evoluir para uma Smart Factory se seu planejamento de recursos empresariais (ERP) estiver habilitado para a nuvem. O ERP é um sistema integrado (software) de gestão que otimiza os processos e facilita o armazenamento de dados e a administração empresarial.
A transição desse sistema para a nuvem é o primeiro passo para concretizar uma Fábrica Inteligente, especialmente porque as novas tecnologias não são compatíveis com ERPs mais antigos. O alcance, a segurança e a agilidade de um ERP na nuvem o colocam como a primeira opção para as indústrias que pretendem tornar os processos industriais mais inteligentes e eficientes.
Segundo o Relatório de Tendências Globais de Rede, lançado pela Cisco em maio deste ano, dentre os principais motivos que levam uma empresa optar por um sistema na nuvem, destacam-se a escalabilidade e a agilidade dos aplicativos. O levantamento entrevistou mais de 2,5 mil líderes e profissionais de TI globais, e 42% apontaram os motivos acima como diferenciais para a migração para nuvens privadas e públicas.
De acordo com a Pesquisa Anual do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGVcia), 42% das empresas brasileiras já utilizam o processamento de dados em nuvem (cloud computing). No Brasil, diversos setores da indústria se destacam na implementação de fábricas inteligentes, incluindo alimentos e bebidas, energia eólica, petróleo e gás, manufatura automotiva e indústria química.
Como implementar as fábricas inteligentes
As empresas que buscam escalabilidade e destaque no mercado perceberam o valor das soluções ERP na nuvem e começaram a trabalhar a integração entre os sistemas de suas fábricas. Listo abaixo quatro motivos para as lideranças das indústrias agilizarem o processo de modernização de suas operações por meio de abordagem de smart factory:
Integração entre tecnologias 4.0: A interoperabilidade entre sistemas (como ERP, CAD, PLM, MES, CRM, dentre outros) e as tecnologias (como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Machine Learning, Big Data, etc.) garante que as lideranças tenham uma visão 360° do processo, auxiliando na tomada de decisões mais assertivas. Essa integração preenche lacunas de inteligência existentes nos novos modelos de negócio e coloca as indústrias um passo à frente das concorrentes.
Planejamento de negócios integrado: O alcance desse sistema permite que todo o espaço da indústria seja interligado, além de ter a capacidade de planejar cenários diversos com o objetivo de maximizar o lucro, diminuir a utilização de recursos dispensáveis e minimizar riscos.
Automação de ERPs: Um sistema com capacidade de autoaprendizagem e grande conectividade pode transformar negócios significativamente, pois permite automatizar tarefas mecânicas e, assim, libera os funcionários para executarem tarefas mais estratégicas, otimizando a tomada de decisões. A automação em nuvem oferece o benefício de monitoramento simultâneo das diversas áreas, conectando os processos e alavancando os negócios.
Qualidade dos produtos e previsão de demandas: O sistema em nuvem não conecta somente as tecnologias, mas também a empresa com o mercado e, principalmente, com os clientes. Com uma visão completa das demandas, os ERPs e as tecnologias 4.0 possibilitam que as lideranças conheçam os comportamentos de seus consumidores e se adequem aos interesses do mercado, tornando-as assertivas na hora de fabricar seus produtos.
É importante ressaltar que as Fábricas Inteligentes não são o destino final dos avanços tecnológicos, mas parte de uma jornada. Seus recursos inteligentes e automatizados devem ser aperfeiçoados e amplificados de acordo com o avanço da maturidade digital de cada empresa. As lideranças que embarcaram nesse caminho de inovação, hoje desfrutam da escalabilidade dos seus negócios, mas tudo partiu do primeiro passo.
Por isso, o pontapé inicial para se tornar uma Fábrica Inteligente deve ser a migração dos ERPs para a nuvem. Criar uma plataforma integrada para sua indústria é uma vantagem competitiva a curto e longo prazo. Alcançar a maturidade digital é um processo trabalhoso, por isso é importante que as indústrias adotem medidas inteligentes para trilhar caminhos mais prósperos e inovadores.
(*) É Country Manager da Infor.