Claudio Dias (*)
É só dar um Google para ver como o mercado de startups ignorou a pandemia da Covid-19 e cresceu em todas as regiões do país. De acordo com o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2022, 45,8% das startups foram fundadas em 2020. Porém, em 2023, conforme o relatório da Inside Venture Capital Report, houve uma queda de 86% em novos aportes em startups brasileiras nos três primeiros meses do ano em comparação ao mesmo período do ano passado.
O ano de 2022 foi um período em que as startups unicórnios perderam praticamente metade do seu valor. Depois, porém, de uma valorização abrupta dessas novas empresas inovadoras e disruptivas no mercado, foi preciso pisar no freio nos aportes e viver uma fase de cautela.
E qual é o X da questão? Como uma startup se sustenta diante da perda de investidores? Primeiro, é preciso lembrar que o termômetro dos investimentos se dá mediante o cenário macroeconômico global. Ou seja, desemprego, guerra na Ucrânia, inflação, a mais recente crise nos bancos americanos acende um alerta vermelho e deixa os fundos de investimentos mais criteriosos com suas alocações.
Mas, diante de todo esse arcabouço que envolve uma startup, existe um conjunto de regras e boas práticas que assegura o funcionamento saudável de uma empresa. É o que chamamos de governança corporativa. Para as startups que almejam um crescimento bem estruturado, a aplicação dos princípios básicos de governança corporativa é essencial para o desenvolvimento de uma trajetória mais longa, mais rápida e com menos riscos.
A governança refere-se a um conjunto de práticas, processos e políticas que são implementadas para garantir transparência, ética e responsabilidade em uma empresa. Vejamos um exemplo. A partir do momento que uma startup cresce, novos colaboradores são contratados, além de sócios, gerentes, acionistas. Imagina as inúmeras ideias que permeiam o ambiente?
Nesse momento, a governança surge como um instrumento de controle de possíveis conflitos de interesse. Ela também impacta nas decisões do negócio, dá mais clareza aos objetivos e metas e torna as decisões mais ágeis. A governança também é essencial para que a empresa compreenda o estágio que a empresa está e o seu posicionamento no mercado.
Ou seja, as boas práticas não apenas evitam problemas futuros, como também agregam valor ao negócio e harmonizam os interesses dos stakeholders. Para uma startup, a governança é especialmente importante porque ajuda a criar bases sólidas, agir com resiliência em momentos críticos e ter uma visão de crescimento futuro. Com toda essa estrutura formada, ela consegue ter mais credibilidade e conquistar a confiança dos investidores e obter maiores investimentos. Agora me diz: sua startup adota a governança corporativa?
(*) CEO da Magis5.