Nos últimos tempos tem crescido no Brasil, de forma explosiva, o volume de apostas em eventos esportivos. Na esteira desse crescimento, entram em ação criminosos que procuram influenciar resultados de jogos, especialmente na área de futebol, com o envolvimento de profissionais do esporte.
Vivaldo José Breternitz (*)
Infelizmente esse não é um fenômeno exclusivamente brasileiro; Anna Bateson, CEO do grupo britânico de mídia Guardian, disse aos seus leitores e clientes que a indústria de apostas cresceu rapidamente nos últimos anos e que a Grã-Bretanha e a Austrália lideraram essa expansão global.
Disse também que o advento de aplicativos que permitem apostas 24 horas por dia, 7 dias por semana, divulgados de forma intensiva por todas as formas de mídia, transformou cada celular e computador em máquina a partir da qual se pode fazer apostas de alto risco.
Os jornalistas do grupo Guardian tem relatado o impacto devastador da indústria de apostas em todo o mundo, expondo como o jogo frequentemente leva as pessoas à penúria financeira, além de gerar problemas de saúde mental.
Em função de tudo isso, a executiva anunciou a suspensão da publicidade de todos os tipos de apostas em todas as plataformas do Guardian, incluindo seus jornais impressos, portais e boletins informativos, apesar do impacto financeiro que essa medida pode trazer ao grupo.
O Guardian tem consistentemente tomado medidas similares quando entende que determinadas atividades são danosas à sociedade: em 2020, deixou de veicular publicidade de empresas de petróleo e gás.
No caso específico das apostas, negócio evidentemente vinculado ao crime organizado, seria oportuno que nossa mídia e entidades ligadas ao esporte tomassem medidas similares.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.