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Educação detonada

em Opinião
sexta-feira, 02 de junho de 2023

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

As decisões não podem ser tomadas de forma imediatista e separadas do conjunto, seja para governantes, empresários e seres humanos em geral.

Depois do estouro pecuniário, o mundo todo quer estabelecer meta para a inflação recolhendo liquidez, impondo austeridade para a população, mas os gastos dos poderes executivo, judiciário e legislativo permanecem em crescimento.

A principal falha na economia é o sobe-desce, quando o certo seria a estabilidade geral, para evitar o crescimento ilusório que provoca o surgimento de bolhas artificiais. Criam dinheiro, baixam os juros. Pessoas, empresas e especuladores tomam empréstimos com baixo custo. Na subida dos juros vem o escorregão geral, e como consequência caem vendas, aumenta o desemprego, alguns ficam mais ricos e muitos, mais pobres. Ao tecer essas avaliações a intenção não é criticar ou semear discórdias, mas alertar para que não sejam tomadas decisões imediatistas que podem causar muitos danos.

O cenário mundial está turbulento com polarização e omissão. Cada lado fica atacando um ao outro, jogando sujeira no ventilador, mas pouco se faz para melhorar as condições gerais de vida. O objetivo parece ser manter a população entretida. Pessoas e empresas lutam pela sobrevivência e não conseguem se opor aos desmandos que vão tendendo aos absurdos. O mundo está repleto de discórdias e insatisfações que, incentivadas, vão provocando caos geral. Há muitas preocupações com a situação social de desigualdade na sociedade humana. Colocar dinheiro na mão de governantes como tem sido feito não resolveu a questão da pobreza e despreparo das populações. Maneiras mais efetivas com objetivos e responsabilidade devem ser adotadas, entre elas a educação e bom preparo das novas gerações.

O público aprecia os filmes em que prevalecem modelos que praticam a justiça e o amor, mas o que se vê é muita violência gratuita. As histórias precisam de mais amarração, mas em geral são pobres, servindo como canal para a violência e sexualidade. A época é áspera, mas um pouco mais de consideração humana faria bem.

A humanidade deve reconstruir a educação detonada por teorias afastadas das leis da natureza. Na infância, as crianças devem ser tratadas como são para aprender as belezas e a lógica da natureza, a ciência das ciências, e as letras manuscritas precisam ser incluídas, pois auxiliam a pensar com clareza e refletir com lucidez. Os pais devem dominar o idioma. No passado, aprendia-se os rudimentos do ler e escrever em casa. Quanto às novas gerações, precisam de aptidão para aprender sempre e se tornarem cidadãos úteis e benéficos para a sociedade.

Os ensinamentos devem estar voltados para a formação de verdadeiros seres humanos, pois não descendemos do macaco; somos espíritos que receberam um corpo previamente evoluído por milênios. A sociedade tem de olhar atentamente para o bom preparo das novas gerações que necessitam desenvolver o bom senso e raciocinar com lucidez. Devemos usar o cérebro e o coração. Quando o coração fica insensível, o cérebro embrutece e o mundo perde a paz e a alegria de viver. Os indivíduos precisam definir alvos que sejam beneficiadores, planejando e executando com força de vontade e pensamentos firmes.

Educação e bom preparo para a vida precisam ser aprimorados. No passado, as crianças aprendiam vendo as atividades dos adultos, e depois tomavam consciência da teoria. Hoje estamos no inverso; os cérebros são sobrecarregados com muita teoria e informações, algumas inúteis, mas o aluno não vivencia o aprendido, embora tenha pendurado no cérebro muitas coisas que às vezes nem entende, só para passar de ano, mas pouco assimila por não ver a lógica da coisa na prática.

Por longo período a humanidade foi gerenciada e controlada pelas normas da Igreja. A situação se modificou radicalmente no século 20, no pós-guerra. A cultura ocidental americana se tornou dominante. A indolência espiritual foi sendo ampliada. O que era levemente insinuado, passou a ser exibido às claras. Está surgindo nova disputa pelo controle. China e Rússia querem participar do controle para se sentirem em segurança, mas a humanidade vive instabilidade e incertezas, e está se encaminhando para o enrijecimento, perda da intuição e da individualidade, isto é, está sufocando o humano em si. Quem vai salvar a humanidade?

(*) É graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Coordena os sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br/home . E-mail: [email protected]