A maioria dos americanos acredita que o avanço da inteligência artificial pode colocar o futuro da humanidade em risco, de acordo com uma pesquisa da Reuters/Ipsos recentemente publicada: 61% dos entrevistados consideram que ela representa uma ameaça potencial à civilização.
Vivaldo José Breternitz (*)
Os resultados da pesquisa surgem em meio à expansão do uso de IA generativa na educação, governo, medicina e negócios, desencadeada em parte pelo crescimento explosivo do ChatGPT da OpenAI, que é o aplicativo de crescimento mais rápido de todos os tempos.
O sucesso do aplicativo desencadeou uma corrida envolvendo gigantes da tecnologia, que pretendem lançar produtos similares, evidentemente procurando manterem-se bem posicionadas em termos de market share.
Os receios em relação à IA, justificados ou não, têm sido objeto de discussão devido a eventos de grande repercussão, como o pedido de acadêmicos, empresários e executivos para que haja uma pausa no desenvolvimento da tecnologia até que o assunto seja regulamentado e a demissão do pesquisador e executivo do Google Geoffery Hinton, que manifestou preocupações com relação aos rumos que o desenvolvimento da IA vem tomando.
Alguns legisladores também parecem preocupados, como o senador americano Cory Booker que disse, falando do IA: “Não há como colocar esse gênio de volta na garrafa. Globalmente, isso está explodindo”.
Essas preocupações parecem estar causando impacto. Além dos 61% dos entrevistados que consideram IA representa uma ameaça potencial à civilização, 17% não tem opinião formada e apenas 22% não veem maiores problemas com o crescimento dessa tecnologia.
A pesquisa também revelou uma divisão política nas percepções sobre a IA, com 70% dos eleitores de Donald Trump expressando maior preocupação em relação à IA em comparação com 60% dos eleitores de Joe Biden.
Em relação às crenças religiosas, 32% dos cristãos evangélicos são mais propensos a “concordar fortemente” que a IA representa riscos para a civilização, em comparação com 24% dos cristãos não evangélicos.
A considerar que IA é um termo nebuloso. que muitas vezes significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Quase todos já usamos rotineiramente ferramentas de IA sem que nos demos conta disso – exemplos típicos são os motores de busca, como Google, Edge e Firefox, que provavelmente serão substituídos ou profundamente alterados por IAs generativas, como o ChatGPT.
De qualquer forma, o crescimento explosivo dessas tecnologias recomenda, em nossa opinião, atenção ao assunto, com a criação de estruturas que possam minimizar os males derivados de seu uso abusivo.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.