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Virgínia Norwood – um nome a ser lembrado

em Tecnologia
terça-feira, 18 de abril de 2023

Em tempos em que nossa grande imprensa noticia a crise de choro de uma influenciadora, motivada pelo sumiço de seu pato de estimação, talvez valha a pena falar ao nosso leitor sobre uma mulher realmente importante, Virgínia Norwood.

Vivaldo José Breternitz (*)

Pioneira da indústria aeroespacial, foi a criadora do programa de satélites Landsat, que monitora a superfície da Terra; ela faleceu há algumas semanas, aos 96 anos.

Apesar de sua formação acadêmica primorosa, graduada pelo MIT, teve dificuldade para conseguir emprego, em tempos em que mulheres não eram aceitas em empresas voltadas à tecnologia – uma dessas empresas, para contrata-la, exigia que Virgínia formalizasse o compromisso de não engravidar enquanto trabalhasse para a mesma.

Só conseguiu emprego cerca de um ano após ter se graduado, passando a trabalhar para o US Army Signal Corps Laboratories, onde projetou um refletor de radar para balões meteorológicos e atuou em um projeto visando o desenvolvimento de antenas de micro-ondas.

Após cinco anos de trabalho para o Signal Corps, foi para a Hughes Aircraft Company, onde atuou durante 36 anos em diversas áreas, tendo ali desenvolvido seu maior projeto, o Landsat, que visava atender a necessidades de órgãos do governo americano, que no final dos anos 1960 queriam fazer fotos da superfície da Terra a partir do espaço, para ajudar a gerenciar recursos naturais.

Trabalhando em parceria com a NASA, Virgínia ouviu especialistas em agricultura, meteorologia e geologia para desenvolver ferramentas que poderiam atender às necessidades especificadas pelo governo.

Depois de muito trabalho do time liderado por ela, o primeiro satélite Landsat foi lançado em 23 de julho de 1972. Dois dias depois, chegavam à Terra as primeiras imagens captadas, com qualidade que superou todas as expectativas.

O Landsat rapidamente provou ser o melhor método para o levantamento da superfície da Terra, superando outros projetos similares que vinham sendo desenvolvidos. Virgínia continuou a melhorar o sistema, liderando o desenvolvimento de novas versões do satélite – atualmente está em operação o Landsat 9, lançado em 2021.

Ela ficou na Hughes até se aposentar, tendo, além do Landsat, trabalhado em diversos outros projetos, que lhe renderam diversos prêmios.

Mulheres como essa devem ser lembradas e honradas, ao contrário de influenciadoras que choram pela perda de um pato…

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.