A Inteligência Artificial está em alta ultimamente. Podemos usar chatbots como o ChatGPT, por exemplo, para resumir artigos científicos, depurar código defeituoso e escrever fórmulas do Excel. Mas ao executar atividades como essas, esses chatbots eliminam postos de trabalho, que o banco Goldman Sachs acredita poderão chegar a 300 milhões.
Vivaldo José Breternitz (*)
Um relatório do Goldman Sachs estima que a IA pode eliminar 25% de todos os postos de trabalho, chegando a 46% em áreas administrativas, 44% na área jurídica e 37% em arquitetura e engenharia. Obviamente, a IA é menos ameaçadora para carreiras onde o trabalho é mais braçal, como construção (6%), instalação e reparo (4%) e manutenção (1%).
O estudo também conclui que 18% da força de trabalho global pode ser eliminada com IA, com esse número chegado a 28% em países como Estados Unidos, Reino Unido e Japão.
Como quase sempre acontece nessas ocasiões, o estudo mostra também uma visão rósea, apontando para uma relação equilibrada e mutuamente benéfica entre os trabalhadores e a IA, ao dizer que trabalhadores parcialmente expostos à automação usarão seu tempo livre para aumentar sua produtividade e que os demitidos serão reempregados em funções que surgirão como resultado direto da adoção generalizada da IA.
Nessa linha, podemos pensar como as inovações em Tecnologia da Informação criaram uma demanda por desenvolvedores de software que, em tese, mas não na realidade, poderiam ser alguns dos trabalhadores demitidos pelo avanço da TI.
Contrapondo-se a essa visão rósea, basta lembrar que o setor bancário, um dos mais impactados pela automação, tinha em 1990 732 mil funcionários, contra os 455 mil de 2019, apesar do expressivo aumento da atividade econômica e das transações bancárias.
O potencial da IA para eliminar empregos é uma preocupação para trabalhadores e mesmo para figuras de proa da área de tecnologia. Há alguns dias, nomes notáveis como Steve Wozniak, Rachel Bronson e Elon Musk, assinaram uma carta aberta pedindo a interrupção do desenvolvimento de IA, temendo que esta esteja avançando rápido demais e possa destruir nossa sociedade.
Com preocupações similares, em março, a Câmara de Comércio americana pediu forte regulamentação da IA no nível federal para garantir a segurança econômica, nacional e dos empregos.
Embora esses chatbots não tenham inteligência verdadeira, podem trazer o caos ao nosso mundo e devem, por isso, serem intensamente discutidos.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.