Marco Faria (*)
O cenário econômico mundial é desafiador.
Estamos à beira de uma recessão, ainda sofremos os impactos da pandemia, temos uma guerra que já se arrasta há um ano e um novo governo no Brasil.
Essa soma de fatores pode desanimar muitos empresários, mas fato é que vivemos um momento de grandes oportunidades. Para aproveitá-las, será preciso combinar o melhor da tecnologia e das pessoas. Apesar dos incontáveis benefícios que os avanços tecnológicos têm trazido à sociedade, é inegável que há também uma série de efeitos colaterais.
Apesar de tanta informação disponível, o QI (Quociente de Inteligência) da população mundial registrou a primeira queda desde 1904, quando o teste foi criado.
Com o fenômeno das redes sociais, vemos o surgimento de pseudo especialistas em diversas áreas, além de linhas de pensamento extremamente polarizadas e binárias, em que quase todos os temas são divididos entre blocos de “a favor” e “contra”, dispensando o diálogo, a argumentação e, principalmente, o senso crítico.
O resultado é a escassez de profissionais de alto nível. Uma pesquisa realizada pelo ManpowerGroup revelou que a falta de mão de obra qualificada no Brasil atingiu a marca de 81% em 2022 – seis pontos percentuais acima da média global, que é de 75%. Assim, temos um cenário incongruente de milhões de desempregados e milhares de vagas que não são preenchidas por falta de capacitação.
Enquanto isso, a tecnologia avança a passos largos. Estimativas da Consultoria de Dispositivos de Consumo IDC apontam que os investimentos em inteligência artificial devem crescer 33% em 2023, atingindo a marca de R$ 1 bilhão. A notícia é ótima, mas é preciso considerar que a inteligência humana precisa ser somada à artificial.
À medida em que a tecnologia progride e se difunde, a tendência é que tenhamos produtos e serviços cada vez mais comoditizados, sendo mais difícil encontrar estratégias de diferenciação. Com a velocidade das transformações, tudo se torna obsoleto em tempo recorde. Nesse contexto, a inovação assume um papel fundamental.
Pensar e agir na contramão é a melhor forma de experimentar novas alternativas, buscando se adaptar às necessidades dos clientes – que também estão mudando o tempo todo. Precisamos estudar os cenários possíveis e antever soluções de modo em que se minimizem riscos e se maximizem oportunidades de negócios.
A tecnologia sempre será muito melhor que nós em atividades repetitivas, mas jamais será capaz de fazer análises críticas. Por isso, as empresas precisam, mais do que nunca, investir no ser humano. É preciso treinar e preparar os líderes para o futuro. Até porque não importa o quão sólido seja o seu negócio. O sucesso de hoje não garante o êxito de amanhã.
Por isso, fuja das fórmulas. Evite conselhos prontos e soluções milagrosas. O que funciona para um, não necessariamente funciona para outro. Esteja atento a tudo e observe com cuidado.
Se desafie o tempo todo e tenha em mente que o sucesso depende estritamente da combinação entre homem e máquina. Só assim teremos empresas realmente competitivas e de excelência.
(*) – É CEO do Grupo Skill, empresa especializada na prestação de serviços para as áreas de contabilidade, tecnologia, gestão de pessoas e financeiro (https://gruposkill.com.br/).