Thiago Gomes (*)
Nos últimos anos temos acompanhado como a globalização trouxe mudanças estruturais na forma como lidamos e enxergamos o trabalho de gestão de pessoas. Com as novas possibilidades criadas a partir da cultura do trabalho remoto, especialmente após o período pandêmico, a distância entre estados, e até mesmos países “encurtou”.
Como reflexo deste novo cenário, o número de profissionais brasileiros que trabalham remotamente a partir do exterior cresceu mais de 400%, entre 2020 e 2022, de acordo com levantamento da Husky. Para colaboradores, estes indicadores representam a abertura de portas, mas para gestores, os dados trazem consigo novos desafios, sobre como conciliar culturas diferentes dentro de um único propósito.
Mas antes de cruzar qualquer fronteira, é importante lembrar que o Brasil já conta com um território gigante – quase continental. Desta forma, o trabalho de gestão multicultural já precisa ser realizado, levando em conta a população distribuída pelos 26 estados das 5 grandes regiões.
Já entendemos que este modelo de gerenciamento multicultural pode ser desafiador, diante das diferenças culturais, linguísticas e de valores entre os membros de uma equipe local. Mas precisamos reconhecer a diversidade como uma oportunidade, afinal, quanto mais diversa a empresa, melhor é o entendimento dos fatores que compõem a multiculturalidade e maior também a possibilidade de prosperar.
Uma pesquisa da McKinsey mostra que empresas com diversidade étnica podem contar com uma performance 35% superior às demais. A diversidade de etnias não foi a única considerada pela pesquisa. Só para dar outro exemplo importante, as empresas que consideram as questões de gênero trazem performance 15% maior se comparada a empresas que não olham para este fator.
Mas este trabalho gestão de equipes diversas demanda softskills como a sensibilidade, empatia, habilidades interpessoais e uma compreensão profunda a respeito da diversidade.
O ponto essencial nessa gestão é o equilíbrio. É necessário que os líderes sejam capazes de balancear a cultura com o perfil de cada região, ter sensibilidade e flexibilizar pontos que sejam negociáveis para, enfim, engajar os colaboradores de forma total e natural.
Para isso, existem algumas práticas e ferramentas que podem ser aplicadas pelo RH para ajudar os líderes a superar os desafios de uma gestão multicultural e conduzir ambientes de maneira cada vez mais coerente:
• Treinamentos: oferecer workshops, palestras e cursos de comunicação, de idioma ou focados na sensibilidade cultural e compreensão intercultural pode ajudar os funcionários a compreender e lidar melhor com as diferenças;
• Comunicação: estabelecer canais de comunicação claros e abertos pode prevenir mal-entendidos e promover a comunicação efetiva;
• Políticas de igualdade de oportunidades: implantar estas ações e combater a discriminação pode auxiliar na criação de um ambiente de trabalho justo e equitativo;
• Mentoria e networking: oferecer estas oportunidades para funcionários pode ser útil na construção de relacionamentos interculturais saudáveis e fortes;
• Flexibilidade: ser adaptável a diferentes perspectivas e abordagens pode ajudar a promover a colaboração e resolver conflitos de forma eficaz;
Pequenas iniciativas podem apoiar a gestão multicultural e promover um ambiente de trabalho diverso e inclusivo, onde todos possam criar um plano de desenvolvimento de carreira claro e aprender com as diferenças.
(*) – É CEO do Smartleader (https://www.smartleader.com.br/).