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Reinvenção do varejo: qual é o papel da tecnologia?

em Artigos
sexta-feira, 17 de março de 2023

Marcel Farto (*)

O varejo como conhecíamos há uma década não existe mais.

Este é um dos segmentos da economia que sempre foi efêmero, impulsionado por mudanças e que tem a inovação em seu DNA. Muitas dessas características são estimuladas pelos próprios consumidores, que mudam seus hábitos e desejam ser atendidos de acordo com a fase que estão vivendo.

Não distante, vemos consultorias traçando as previsões de consumo para períodos curtos e varejistas adaptando o negócio para não perder o market share. Esse movimento é relevante e deve ser feito, pois além de dar fôlego ao mercado, também aumenta a concorrência e faz com que os clientes possam escolher quais marcas estão mais adequados aos seus conceitos e atendem suas necessidades.

Entretanto, toda a reinvenção do varejo é viabilizada por conta da tecnologia. Ela exerce um papel fundamental não apenas para a modernização dos negócios, mas também para a informação e conectividade dos consumidores. De acordo com a Cortex, este é o segmento que mais adota tecnologia. Sendo que 24% do total das empresas a tem em alto nível.

Neste estágio, compreende-se que investir em ferramentas e soluções adiciona não apenas vantagem competitiva, mas eleva a qualidade do serviço e até mesmo dos produtos que são comercializados. Sabendo disso, fica a pergunta: qual é o papel da tecnologia na (re)invenção do varejo? – Precisamos considerar que a Transformação Digital acelerou muitos processos nos negócios, proporcionando não apenas visibilidade, como maior capacidade de análise e, consequentemente, de gestão.

Com esse olhar mais amplo para toda a operação, extrapolando para o cliente e suas preferências e necessidades, o varejo conseguiu saltar à frente e começar a incluir estratégias baseadas no digital para atrair e retê-los.

Dessa forma, o varejo de hoje não está mais baseado em quem tem o espaço físico melhor localizado ou equipado, bem como atendimento premium ou um produto exclusivo, mas sim, na quantidade de dados que consegue gerar e no ecossistema que construiu.

Exemplos que mostram esse novo formato do varejo são o Walmart, um dos maiores varejistas globais, que no Walmart Global de 2021, sua apresentação de resultados, reforçou seus pilares de sustentação e de crescimento: investir em áreas para além do segmento, como publicidade, serviços, saúde, financeiro, logística e tecnologia, entre outras.

Além dele, Amazon e Mercado Livre são modelos varejistas que nasceram digitais e expandiram para outras áreas, como streaming, livros, transportadora e até moeda digital. O ecossistema varejista nos mostra que, com a tecnologia bem aplicada, o conhecimento do público-alvo, e um modelo de negócio baseado em dados, é possível atender o consumidor em frentes de serviços, perpassando os produtos.

Assim, o varejo passa a ser também consultivo e expande sua receita por meio de novos canais de contato e de atuação com os clientes, o que só é proporcionado pela tecnologia.

(*) – Formado em Sistemas de Informação pela Unesp, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é CEO da Onclick (https://onclick.com.br/).