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Descentralização e agilidade: o futuro dos negócios é fractal, diz BCG

em Destaques
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Um negócio fractal de sucesso é aquele que se atenta ao consumidor local e a micromercados mas sem perder os benefícios da escala e da plataforma global do negócio — é isso que ressalta um estudo do Boston Consulting Group, chamado The Organization of the Future is Fractal.

De acordo com a publicação, três fatores têm influenciado esse formato de trabalho para as empresas globais: a influência da geopolítica e a preocupação com resiliência na revisão de cadeias globais; o impacto da digitalização na cadeia de valor; e o crescente número de inovações “deep tech”.

Enquanto muitos incumbentes globais se veem incapazes de competir, reduzindo sua distribuição internacional, uma lista crescente de empresas se destaca — startups inovadoras, empresas de consumo locais ou gigantes digitais, superandos seus pares globais tipicamente muito maiores, explorando uma nova força competitiva. Após entrevistar diversos líderes de diferentes setores, o BCG concluiu que são necessários mais do que pequenos ajustes para transformar uma empresa em sucesso fractal.

Além disso, embora empresas mais maduras não precisem rejeitar a ideia de escala para ter princípios fractais, encontrar o equilíbrio é essencial. Segundo a consultoria, muitas empresas estão errando nesse momento, tanto em termos de equilíbrio quanto de velocidade. Começo de um, meio de outro — modelos fractal e de escala se completam. Nos últimos 50 anos, o sucesso dos negócios estava na escala como fonte de vantagem competitiva.

Grandes forças de trabalho concentradas em um “quartel general”, uma sede onde todas as decisões são tomadas, e grandes fábricas abrangendo continentes. O modelo de negócio fractal, por outro lado, é descentralizado e distribui o poder entre equipes de trabalho locais, democratiza os dados e, mais importante, constrói confiança digital para facilitar um ambiente de compartilhamento, aumentando as transações online em um ambiente cada vez mais conectado.

Daniel Azevedo, diretor executivo e sócio do BCG, explica que organizações de vanguarda já começaram mostrando o maior potencial do pensamento descentralizado. “No estudo, vemos alguns exemplos que comprovam que empresas que não incorporarem elementos do modelo fractal, correm o risco de restringirem muito sua capacidade de crescimento e de competição no mercado global”, afirma.

Adotando o fractal dentro do viés de escala – Alguns princípios do fractal podem ser incorporados por empresas construídas para escala:

• Hierarquia fluída: Limites organizacionais e métricas de eficiência rígidas atrasam decisões e restringem inovações de mercado. A empresa fractal tem papéis fluidos entre seus colaboradores, visando maximizar o número de interações entre pessoas, derrubando fronteiras.

• Recursos mais flexíveis: parceiros locais podem trazer novos recursos para empresas globais, muitas vezes com soluções mais rápidas, flexíveis e inovadoras. Em vez de grandes plantas ou centros de distribuição, a empresa — e, consequentemente, o consumidor — será apoiada por uma rede de prestadores de serviço menores, com capacidades únicas e com menor custo do que um serviço próprio, por exemplo.

• Controle local e geral: Empresas que operam no modelo fractal promovem ações mais ágeis. No lugar de um único núcleo tomador de decisão, a autoridade é dividida em diversos mercados, melhorando a eficiência de times locais. Negócios mais tradicionais costumam ter uma cultura hierárquica mais estabelecida, o que dificulta o processo de descentralização.

• Transparência de dados: o fluxo de dados e informações deve ser transparente, multidirecional (dentro e fora da empresa) e em tempo real. As empresas precisam projetar seus sistemas de informação para alcançar a democratização dos dados, superando a mentalidade de “dados confidenciais”, bastante comum em empresas orientadas à escala.

• Ter confiança no digital: Empresas que adotarem o modelo fractal precisam construir confiança no ambiente on-line, já que é crescente o número de transações nos meios digitais. Mais do que códigos de conduta para funcionários e regulamentos jurídicos, a empresa deve incorporar a confiança digital em suas operações.

Um dos líderes globais ouvidos pelo BCG aponta que o formato de negócios em escala ainda importa muito, mas de formas diferentes do que no passado — negócios locais podem ser mais relevantes do que os globais, e por isso uma empresa que caminha para o modelo fractal precisa redesenhar processos, recursos, dados e até softwares para obter vantagens locais.

“É normal ter dúvidas quanto a um processo que irá transformar toda a companhia, mas o passo mais importante é o começo — demorar muito em uma tendência que já está movimentando o mundo dos negócios pode ser um erro fatal.

Ao contrário, reformular a maneira de vender um produto de acordo com o mercado pode garantir o sucesso de uma empresa à longo prazo, por isso precisa ser considerado”, finaliza Daniel. – Fonte e mais informações: (https://www.bcg.com).