Lígia Novazzi (*)
Nos últimos anos, muito tem se falado sobre a transformação dos dados. Mas você já se perguntou por onde andam os seus dados?
Estamos tão acostumados a nos registrar em sites, serviços on-line, que acabamos perdendo a noção. Entretanto, é um tópico fundamental, que gera uma importante conversa sobre a Segurança de Dados. Há um motivo para as empresas quererem as nossas informações, um fenômeno que surgiu e revolucionou a internet, fomentando o que é hoje a web 3.0.
Criando um paralelo, nossos dados são o “petróleo da internet”, que tem como finalidade promover para cada usuário uma experiência individual ao navegar on-line.
Quando olhamos para o Mundo Open Finance, vemos um ecossistema que possibilita que clientes compartilhem seus dados cadastrais e transacionais entre instituições financeiras.
Uma grande vantagem para as empresas, pois deve gerar um aumento da oferta e do acesso aos serviços financeiros. Aqui, os benefícios são claros: a instituição que recebe os dados do consumidor terá mais base para realizar empréstimos, financiamentos ou fornecer cartão de crédito, pois estará analisando os dados históricos do consumidor, ou seja, com muito mais precisão que antes.
Quanto mais rápido o dado é compartilhado, mais rápido uma instituição conhecerá o padrão de consumo do consumidor e mais rápido poderá oferecer serviços ou benefícios personalizados. Mas e para o consumidor? Quais as vantagens de participar? A resposta passa pela palavra autonomia.
O consumidor agora é o único dono dos seus dados, portanto analisa propostas e escolhe como e onde quer compartilhar seus dados, de acordo com os seus interesses.
Entretanto, para fazer parte do ecossistema do Open Finance, todo participante deve seguir rígidos padrões de segurança auditados regularmente.
A segurança de onde reside o dado é responsabilidade de cada instituição, mas todo acesso aos dados entre instituições é feito utilizando o Zero-Trust Framework. Esse framework garante que somente instituições participantes possam pedir acesso aos dados e o compartilhamento em si é garantido por um certificado de transporte específico.
Já com o compartilhamento realizado, as instituições tornam-se as curadoras dos dados do consumidor, que devem guardá-los de acordo com o tempo e as condições acordados no consentimento e somente a empresa que teve esse consentimento pode manipulá-lo. Cada instituição define a infraestrutura, mas o pré-requisito é que esteja por trás de uma camada de segurança (Zero-Trust Framework).
O armazenamento destes dados precisa estar em conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) também. Porém, até que ponto podemos dizer que é seguro o compartilhamento dos dados? O risco de vazamento de informações é baixíssimo. Todo o ecossistema foi construído com padrões de segurança máximos.
A comunicação entre instituições é regulada e auditada pelo Banco Central e segue os mais rígidos parâmetros internacionais. Podemos, inclusive, considerar o Brasil uma referência mundial em Open Finance, pois ele respeita e está totalmente de acordo com as diretrizes LGPD.
Hoje, estamos em um momento do Open Finance em que a base já foi construída e está pronta para suportar, com segurança, o nível de inovação dos novos produtos que estão sendo desenvolvidos. Mas para isso, é importante que cada vez mais pessoas confiem no ecossistema para receberem essas novas ofertas e fazerem os melhores negócios.
(*) – É Mestre em economia pela USP com foco em econometria, com experiência em modelagem e economia comportamental. Integra a Teros, especializada em soluções de Inteligência de Dados, Pricing e Open Finance (https://teros.com.br/br/)