Felipe Hotz (*)
Muitas tendências observadas em comunicação interna em 2022 vão ganhar escala neste ano. Cada vez mais, as empresas são conduzidas a olhar para o seu principal ativo: as pessoas.
É o que mostra a pesquisa “Top 5 Priorities for HR Leaders in 2023”, do Gartner, em que 82% dos colaboradores desejam ser vistos como pessoas, e não apenas como empregados. Aliado a esse fato, 47% dos líderes dizem se interessar pela experiência do colaborador.
A comunicação interna tem potencial para ser vista de uma nova forma pelas empresas no próximo ano. Há chance para líderes de diferentes departamentos entenderem a importância desse processo para fortalecer as conexões com os colaboradores. Naturalmente, todo fluxo de informações dentro das empresas é comunicação interna, não é algo limitado apenas ao RH e Gestão de Pessoas.
Quais são as principais tendências para comunicação interna no próximo ano? O que vai estar no radar das empresas? Listo aqui 6 apostas para a área. Confira:
- – Personalização e preferências do colaborador em primeiro plano – A comunicação interna apresenta muitas ramificações, principalmente em grandes empresas, visto que apresentam diferentes departamentos e colaboradores espalhados pelo mundo. Vale ouvir e avaliar a preferência dos funcionários em relação aos canais que desejam se comunicar, além de adaptar as mensagens para cada grupo.
Isso só será possível por meio da automatização e criação de fluxos estruturados de comunicação, o que garante maior facilidade no momento de mensuração de resultados, além de permitir um diálogo que seja o mais humanizado possível.
- – Formação de profissionais analíticos – Segundo o Fórum Econômico Mundial, o pensamento analítico é a primeira habilidade requisitada para se ter destaque no mercado de trabalho, e estará em alta até 2025. Dados são fatos, porém apenas profissionais capacitados são capazes de transformá-los em inteligência.
Apresentar as informações coletadas ao board das empresas para, assim, criar e direcionar comunicados e ações para as pessoas certas e no momento certo é o que torna a área de Comunicação Interna estratégica de verdade. Para isso, pode ser interessante fornecer capacitação e recursos para que os colaboradores se desenvolvam nesse sentido.
- – Aumento da comunicação assíncrona – Com a pandemia e a aceleração do trabalho remoto e híbrido, muitas empresas não conseguem reunir os colaboradores em um único lugar e na mesma hora. De acordo com o Gartner, 52% dos colaboradores dizem que a flexibilidade afeta suas decisões de permanecer na organização.
Logo, promover a participação de colaboradores em processos significativos, mesmo que não estejam presentes fisicamente ou remotamente no mesmo horário, é mostrar que essas pessoas são parte da empresa. Isso fortalece a confiança do colaborador e da marca empregadora, além de diminuir o sentimento de culpa.
- – Espaço para mensuração de narrativas – Você sabe quais são os principais assuntos debatidos na sua empresa? Ainda segundo a pesquisa do Gartner, 53% dos colaboradores querem que as organizações tomem ações sobre temas que eles consideram relevantes.
Entender esse ponto pode ser crucial no momento de criar um comunicado ou uma ação de comunicação interna. Quanto mais próxima das pautas levantadas internamente pelos colaboradores, maior a identificação por parte deles.
- – Colaboradores no papel de comunicadores – Não faz mais sentido para as empresas adotarem apenas estratégias de comunicação top-down. A cultura organizacional é um organismo vivo.
Para garantir a relação de simbiose entre os departamentos, é papel das lideranças envolver os funcionários em estratégias que coloquem essas pessoas no centro da comunicação interna. Isso ajuda a aumentar a conexão entre líderes e liderados e cria um círculo virtuoso de engajamento nas empresas.
- – Abordagem multidisciplinar – Atuar com Comunicação Interna não se limita a entender apenas sobre um assunto. A aproximação com outras áreas se dá, principalmente, pelo entendimento da rotina, dos jargões e do fluxo de trabalho. É claro que não dá para conhecer tudo em profundidade, mas andar pela empresa e entender as pessoas é o primeiro passo para criar uma comunicação interna mais completa e estratégica.
Em um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo, o que caracteriza a sigla VUCA, profissionais que contam com um repertório sólido e, principalmente, muita vontade de aprender ganham destaque no próximo ano. As tendências se desenham a partir de pequenas mudanças comportamentais que já vemos acontecer e também a partir de perspectivas dos profissionais que atuam com Comunicação Interna.
Não sabemos quais dessas tendências se concretizarão de fato em 2023, mas podemos afirmar que a área de comunicação interna se torna, cada vez mais, uma prioridade para as empresas.
(*) – É CEO do Comunica.In (https://www.comunica.in/).