Bruno Pinheiro (*)
O mercado de consórcio vive uma ótima fase atualmente. É o que apontam os dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), que mostram que a venda de novas cotas cresceram 11,3% entre os meses de janeiro a agosto de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Visto isso, é perceptível que a modalidade financeira está cada vez mais se consolidando como uma opção viável para os brasileiros. O consórcio surgiu no Brasil no começo da década de 60, com a instalação da indústria automobilística. No entanto, o cenário da época era de falta de oferta de crédito direto aos consumidores.
Por essa razão, alguns funcionários do Banco do Brasil decidiram se reunir e formar um grupo. O principal objetivo era conseguir obter fundos suficientes para a aquisição de automóveis para todos aqueles que estivessem participando de forma ativa da arrecadação dos recursos.
Diante da novidade, o consórcio ganhou popularidade e houve a necessidade da criação de uma instituição que representasse os interesses das empresas fundadas. Foi assim que surgiu a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), no ano de 1967, que reuniu os três grupos de administradoras existentes até então: as independentes, as ligadas às concessionárias e as ligadas aos fabricantes.
Hoje em dia, o consórcio está classificado como um “autofinanciamento”, pois envolve o investimento e a poupança com crédito. Porém, apesar de existir há mais de 60 anos no Brasil, foi apenas em 2008 que passou a ser regulamentado no mercado pelo Banco Central, o que permitiu a regulação e criação de regras definidas por uma entidade do sistema financeiro.
A partir disso, o consórcio ganhou um status de produto financeiro, o que trouxe segurança para o próprio produto e para o setor. A constante evolução da modalidade financeira torna viável o seu próprio crescimento e permite continuar fazendo sucesso, principalmente entre as classes de renda menor.
Isso transforma o consórcio em uma alternativa consistente para quem quer comprar um bem ou serviço, pois oferece um leque de possibilidades. No Brasil, o consórcio é um produto bastante rentável e vem sendo incentivado por administradoras, que estão ligadas a grandes instituições financeiras. No entanto, quando se trata de tecnologia, o mercado de consórcio ainda fica para trás.
O setor recebeu poucas iniciativas com base em recursos tecnológicos durante todos esses anos. O produto é entregue para o cliente da mesma forma de quando a modalidade foi criada, sendo vendido pelo valor do crédito pretendido ou pela parcela que o cliente pode pagar. Essa ação gera uma entrega massificada, pois não considera interesses individuais do cliente e muito menos suas particularidades.
Para conseguirmos mudar este cenário ultrapassado, é necessário fazer da tecnologia a nossa grande aliada, utilizando-a de fato nos processos, pois hoje temos acesso a muitas informações que ainda não existiam no passado. As ferramentas e os recursos estão à disposição, sendo possível trabalhar com dados e analytics, para tomar uma decisão diferente para o produto, sendo possível entregá-lo para cada perfil de cliente de forma individual, o que é uma grande vantagem.
A tendência é que o consórcio consiga cada vez mais se destacar no momento atual do país, obtendo um saldo positivo no mercado. Com a melhora da regulação da modalidade financeira e qualificação dos profissionais, o setor passará a entregar um serviço de maior qualidade e transparência. Desta forma, será possível ver o consórcio presente na carteira e na vida dos clientes, que de forma personalizada e prática, poderão atingir seus objetivos de forma mais fácil.
(*) – Formado em Engenharia Mecatrônica pela USP, é fundador e CEO da Turn2C Consórcio Inteligente, uma solução de inteligência artificial (IA) para o mercado de consórcio (https://www.turn2c.com/).