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O que esperar das NFTs e dos Cartórios em blockchain no futuro?

em Destaques
terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Rodrigo Pimenta (*)

Apesar do ecossistema de NFTs ainda ser um universo, ou melhor um multiverso, inexplorado de infinitas possibilidades, sem direção clara ou unânime, nós sabemos que essa indústria, mesmo que embrionária, experimental e desbravadora, tem enchido os olhos de diversos nichos sociais.

Desde grandes marcas, investidores institucionais a jogadores de futebol, todo mundo parece estar com a atenção voltada para esse universo, mesmo com a queda recente de quase 99% de transações diárias em alguns marketplaces, como a “OpenSea”. No entanto, o que podemos esperar dele no futuro na nova Economia?

Diferente do mercado já amadurecido de criptomoedas ou do tradicional ambiente de finanças estabelecido, o cenário do mercado de NFTs, como conhecemos hoje, está em um momento altamente especulativo, com uma modesta aderência quando comparada ao seu potencial, inibindo uma análise evolutiva de forma significativa.

Para falarmos de seu futuro, dependemos de diversas variáveis que vão desde o crescimento da comunidade de usuários, passando pelo desenvolvimento de novas experiências até sua fomentação na sociedade, em diferentes esferas, de forma que seja algo simples, acessível e descomplicado para o usuário comum final, como por exemplo, a elegância das chaves do PIX.

Para proporcionarmos novas experiências, além de seu uso para aquisição de “obras de arte em JPEG” com vistas à sua valorização ou seu uso na indústria de games, precisamos ir à sua origem: o que significa NFT? (“Non Fungible Token” ou “Token Não Fungível”). De maneira simples, na linguagem jurídica, o Código Civil brasileiro, Lei 10.406 de 2002, em seu art. 85, estabelece que “são fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”.

Portanto NFTs são infungíveis por definição. Diante disso, abre-se uma pergunta: e se houvesse um grande cartório (descentralizado) que pudesse registrar e garantir “Prova de Existência”, “Prova de Posse”, “Prova de Autenticidade”, “Prova de Participação”, “Prova de Qualificação”, “Prova de Direitos Autorais e Marcas”, “Prova de Redução de Emissão de Carbono”, enfim, todas as confirmações necessárias para garantir um NFT? Além disso, o que é preciso para vermos sua utilização em massa? O que podemos esperar das experiências totalmente imersivas neste setor?

Uma das mais novas e brilhantes experiências de NFT, embora tenha surgido há alguns anos, em um hackathon, na Convenção ETH Denver, o protocolo POAP “Proof of Attendance Protocol” ou “Protocolo de Prova de Comparecimento”, desenvolvido inicialmente na ETH, ganhou força ao evoluir para uma sidechain xDAI (Gnosis Chain) em virtude do alto valor das taxas de blockchain, que são proporcionais ao preço de seus ativos, totalmente compatíveis com o padrão ERC-721 (NFT), com o intuito de popularizar seu uso.

Então você pergunta: “Qual seu maior diferencial?”. A resposta para esta questão é simples: a redução das taxas. Para exemplificar, 500 transações custam apenas USD $0.01 com o protocolo.

Essa nova tendência dos NFTs POAPs foi criada para celebrar e registar a participação em um determinado evento, mas o futuro mostra que isso pode ser extrapolado para além de provas de comparecimento, como para ingresso/tickets de entrada em eventos, certificados de vacina, certificados de etapas concluídas em games ou de gamification de alguma atividade, por exemplo, além de inúmeras outras possibilidades.

Outra brilhante experiência NFT é utilização do protocolo “Soulbound Tokens” (“SBTs”) – idealizados por um dos criadores da rede Ethereum, Vitalik Buterin, em Maio de 2022 – que daria uma outra dimensão de sua utilização em sociedades descentralizadas, funcionando como credenciais de autenticação (e de “reputação”) de usuários, caminhando até na utilização na gestão de wallets para poupança de dados descentralizadas de usuários ”User Data Saving”, certificações de dados de usuários de qualquer natureza, como dados médicos, laboratoriais, diplomas universitários, certificações exclusivas e únicas cuja sua maior característica seja a intransferibilidade, embora revogável.

Com isso, está cada vez mais claro que uma das melhores de estratégias de atuação na nova Economia, que foca no fortalecimento de marcas, com o usuário no centro e dono de sua informação, seria apostar no universo de experiências “NTFs POAP” e “NTFs Soulbound” juntamente com cartórios em Blockchain (descentralizados), expandindo e gerando novas experiências, renda passiva e ativa para usuários e empresas com diminuição enorme de custos, atraindo e gerando novos negócios disruptivos, alinhado ao conceito “Web3”, previsto para os próximos anos.

(*) – É engenheiro elétrico formado pela Poli-USP, com MBA em Economia, Finanças e Operações na FGV-SP, é CEO e fundador da Hubchain Tecnologia (https://hubchain.com/).