Violentos protestos de trabalhadores eclodiram na maior fábrica de iPhones do mundo, que emprega cerca de 200 mil trabalhadores.
Vivaldo José Breternitz (*)
Situada em Zhengzhou, na China central, a fábrica pertence à Foxconn, que também tem unidades no Brasil. A empresa vem tomando medidas extremas para conter um surto de COVID-19, buscando manter o nível de produção tendo em vista a alta demanda prevista para as festas de final de ano.
Ao que consta, os protestos tiveram início quando a Foxconn não pagou os bônus prometidos aos novos trabalhadores contratados para substituir outros que deixaram a fábrica descontentes com as condições de trabalho, que inclusive preveem a permanência em tempo integral nas instalações da empresa em alojamentos não adequados; há queixas também acerca de falta de comida.
Vídeos mostrando funcionários em confronto com policiais armados com cassetetes e vestidos com roupas de proteção química chegaram à internet; esses vídeos mostram policiais espancando trabalhadores, alguns sangrando na cabeça e outros saindo das aglomerações mancando. Parte dos protestos estavam sendo transmitidos ao vivo através das redes sociais, até que a censura do governo chinês cortou as transmissões.
Os fatos aumentaram as preocupações da Apple acerca dos riscos corridos pela sua cadeia de suprimentos; 95% dos iPhones são produzidos na China e a empresa já reduziu as estimativas de entregas de seu iPhone 14 e emitiu um aviso aos investidores acerca do assunto.
A Foxconn manifestou-se de forma burocrática, dizendo que trabalharia com os funcionários e o governo para evitar novos atos violentos.
Eventos como esse mostram que o COVID-19 continua em circulação e que cuidados como vacinação e máscaras continuam necessários, apesar da postura de alguns, inclusive e especialmente no Brasil.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.
