Heródoto Barbeiro (*)
Para ser eleito presidente é preciso o apoio de Minas Gerais. É o segundo estado mais populoso e forte economicamente.
A maioria dos presidentes eleitos teve apoio dos mineiros e isso não muda nesta eleição, segundo os analistas mais conhecidos da capital do Brasil. O chefe político mineiro é considerado um grande eleitor, uma vez que tem conseguido carrear votos em todo o estado para o candidato escolhido.
Seu partido tem ramificações nos pequenos municípios que se espalham dos limites de São Paulo até a Bahia. Há quem diga que Minas Gerais é uma síntese do Brasil. Os chefes políticos locais carreiam os votos para os dirigentes estaduais, que, por sua vez, despejam no candidato indicado pela chefia política encastelada na capital mineira.
Nada indica que nesta eleição, tumultuada, a aliança entre os que dominam o agronegócio vai divergir na escolha de um nome que os represente no governo federal.
Esta não é uma eleição como outra qualquer da presidência. Há radicais atuando de lado a lado.
Uns querem mudanças profundas no governo e na sociedade brasileira, a que acusam de elitista e com o poder econômico concentrado na mão de poucos. Por outro lado, os conservadores lembram em sua campanha, que o agro é o único responsável pelo saldo da balança comercial do Brasil e, sem isso, nenhum governo sobrevive.
Não haveria dinheiro para nada. Por sua vez, o debate eleitoral alcança os quartéis, principalmente os do Exército, e há também uma clara divisão entre os militares de baixa patente e a cúpula militar.
Os jovens clamam também por mudanças e com isso levam o debate sobre a escolha do novo presidente para vários estados. Pouco vale o que está estabelecido na Constituição, ou seja, aos militares cabe a defesa das fronteiras nacionais e a ordem interna.
Contudo, vários militares ocuparam a cadeira presidencial desde o movimento que derrubou a Monarquia e implantou a República. Ninguém sabe com certeza quem ganha esta eleição. O candidato do establishment é conhecido como um tocador de obras, um governante que concluiu o que outros começaram.
Tem a fama de bom administrador, de conseguir o enxugamento da máquina do estado e de cortador de despesas. Com isso conseguiu sanear os cofres da cidade e do estado de São Paulo. Não há grande estrago na sua imagem por ser organizador de carreatas, festeiro, gostar de carnaval, de cantar marchinhas. Canta até ópera, dizem os mais fiéis.
Washington Luis reúne condições para levar em frente a política do café com leite. E ela existe graças às alianças entre as oligarquias paulista e mineira. São hegemônicas e só uma fratura política entre elas poderia pôr fim ao seu domínio sobre o poder federal.
O lema da campanha de Washington é “governar é abrir estradas”.
Ele mesmo é um amante dos mais modernos carros da década de 1920. O paulista de Macaé, como fica conhecido, é eleito e promete uma estrada que ligue o Rio de Janeiro a São Paulo. Quase consegue terminar o mandato em 1930, se não tivesse sido derrubado, preso no forte de Copacabana e exilado pela cúpula militar que nomeara.
(*) – É professor, jornalista do R7, Record News e Nova Brasil, além de autor de vários livros de sucesso. Palestras e Midia Training (www.herodoto.com.br).