Carlos Pires (*) e Rogério Garcia (**)
Num cenário em que aumentam os anseios por transparência, compliance, lisura e reputação, a auditoria independente ganha cada vez mais importância.
Não é sem razão que, além das companhias para as quais é compulsória (as que têm capital aberto, atividades reguladas, faturamento acima de R$ 300 milhões ou patrimônio superior a R$ 240 milhões e instituições financeiras), é crescente o número de empresas, inclusive familiares, que buscam o serviço.
É imensa, portanto, a responsabilidade dos auditores, cujos principais requisitos são o ceticismo profissional, ética intransigente, conhecimento técnico, capacitação, educação continuada e bom uso da tecnologia.
Para atender a todas essas exigências, é importante que a empresa de auditoria conte com estrutura e políticas globais, cabendo à liderança a responsabilidade por entregas de excelência ao mercado. Tudo isso dentro de um ambiente aderente a normas brasileiras e internacionais de auditoria.
Na manutenção de um ambiente de qualidade, é preciso ter em mente a importância dos investimentos contínuos em pessoas, metodologia e inovação, para lidar com as constantes mudanças regulatórias, profissionais e de demandas de mercado. Para isso, deve-se contar com o uma estrutura de profissionais de uma ampla gama de áreas de atuação, não apenas em auditoria, mas em tecnologia da informação, análise da dados, economia e outras disciplinas.
Como exemplos da dinâmica da profissão de auditoria, destaco os seguintes aspectos mais recentes: a profissão de auditor terá nesse ano a adoção de uma nova norma relacionada à gestão de qualidade (International Standards on Quality Management) que fortalecerá de maneira relevante as estruturas de qualidade das firmas em comparação à norma atualmente em vigor (International Standard on Quality Control).
Muitos investimentos já foram feitos no sentido de implementá-la até o final deste ano assim como para mantê-la operando de forma efetiva; em segundo, a evolução dos temas relacionados a práticas ambientais, sociais e de governança (ESG na sigla em inglês) já está trazendo maior expectativa de aumentar o nível de confiabilidade de informações apresentadas ao mercado, na qual o auditor poderá contribuir de forma relevante.
A criação do International Standards Sustainability Standards Board é mais um passo importante. Nesse sentido, investimentos em formação, capacitação, metodologias de trabalho e uso de tecnologia continuarão sendo essenciais. Os desafios e oportunidades dos temas acima requerem unidade e consistência da profissão de auditor para que os profissionais possam atender às expectativas de reguladores e outros participantes de mercado.
A participação ativa da profissão por meio do Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon) tem sido ferramenta chave para disseminar conhecimento e discutir temas relevantes da profissão. Em suma, é uma profissão que continua sendo fortemente relevante para atender aos anseios da sociedade sobre transparência e credibilidade.
Ao investir em qualidade da auditoria, mantem-se o propósito de servir a um prioritário interesse público, contribuindo com o avanço saudável e sustentável do mercado de capitais, do ambiente de negócios e da economia.
(*) – É sócio-líder de Auditoria da KPMG no Brasil e na América do Sul; (**) – É sócio de auditoria e líder de qualidade de auditoria para o Brasil e América Latina.