Ricardo Corrêa (*)
Qual a melhor estratégia de marketing para o seu negócio: outboud ou inbound? Essa é uma pergunta comumente feita por profissionais dos mais variados segmentos. Não há uma resposta definitiva, e ela deve variar conforme o ramo de atuação.
Os dois métodos presumem formas diferentes de trabalhar as estratégias de marketing de uma empresa. Enquanto o inbound busca captar novos clientes de forma reativa, comumente atraindo esses clientes a partir de conteúdos, o outbound faz isso de forma ativa, com a empresa fornecedora traçando seus perfis de clientes e indo até eles.
Nos tempos de hoje, a retórica sobre escolher um ou outro já está ultrapassada e o caminho é desenvolver uma espécie de relação simbiótica entre as táticas de marketing de inbound e outbound, a fim de criar uma estratégia de marketing global ainda mais forte.
Conceitualmente, o inbound presume uma estratégia que consiste em atrair os clientes ao utilizar um conteúdo como moeda de troca para o que o lead venha a entrar no universo da empresa. Ao ceder os dados para que a organização converse com ele, o consumidor estabelece uma uma jornada de contato que pode culminar na efetivação de uma venda.
Quando o conceito de inbound surgiu, havia o que era compreendido como “velho outbound”. Tudo o que era feito de forma interruptiva entrava debaixo do guarda-chuva do outbound, por exemplo: publicidade, mídia paga, outdoor e telemarketing. Em resumo, tudo o que possuía conotação negativa era ligado ao outbound e somente o inbound era visto como a estratégia adequada e inteligente.
Com o passar dos anos, essa concepção foi mudando com o advento do outbound 2.0, também conhecido como outbound digital. A grande verdade é que há um jeito eficiente de fazer outbound no caso de empresas B2B, que não é, necessariamente, fazer telemarketing e análogos. Existe um método que se apropria de práticas parecidas com a do inbound.
No lugar de ficar reativo, na espera do cliente vir até a empresa, o time de vendas vai até o consumidor. Este é o cenário atual do mercado: inbound e outbound juntos como pilar indispensável de estratégia digital para empresas B2B atraírem clientes.
Como definir a melhor estratégia?
Se você opera no mercado mais massivo, a estratégia de inbound tende a funcionar melhor. Isso não é uma regra, pode variar de empresa para empresa, mas, se você quer volume, ele tende a ser melhor. O inbound é o que, na metáfora, falam que é “pescar com rede”, ao passo que o outbound é menos eficiente para volume. Ele é mais eficiente para você conseguir acertar o alvo que quiser.
É a diferença de pescar com rede e pescar com arpão. Ambos são eficientes, só que para finalidades diferentes. Algumas empresas são essencialmente mais inbound e outras são mais outbound. De novo, sem trazer regras, mas, normalmente, quem tem vendas mais complexas e vende coisas com ticket médio mais alto, ou seja, vende algo de valor agregado mais alto, vai pelo caminho do outbound.
Quem vende menor valor agregado e foca mais em volume vai mais pelo caminho de inbound. No começo, quando o inbound surgiu, ele decretou como inimigo principal aquele outbound antigo que eu falei, então isso acabou criando uma aversão no mercado. As pessoas eram taxativas ao perguntar qual tática era a melhor e qual deveria ser feita em sua empresa.
Com o mercado mais maduro e educado, podemos considerar que superamos essa fase. Acho que é uma visão ingênua, buscar qual método é “melhor” ou “pior”, e sim o que é mais coerente para cada empresa. Algumas organizações vão se dar melhor em um, outras vão se dar melhor no outro. Eu diria que a maioria vai fazer um pouco dos dois.
Em resumo, o poder de trabalhar com ambas as metodologias de forma integrada é criar uma jornada de geração de leads dentro da sua empresa, que é colaborativa e integrada. Ou seja, você provê uma experiência boa para o seu lead, porque a gente tende a possuir uma visão muito linear das coisas, de que “ah, o lead vai converter no formulário do meu site, vai para o CRM e eu vou fechar a venda”.
Nem todo caso é assim. Muitos leads têm uma jornada não linear. Ela é um labirinto. O que vai acontecer? A resposta costuma ser simples: o lead vai ler um conteúdo no seu blog, aí ele vai embora. Depois, ele vai ser impactado por uma publicidade sua, mas não vai clicar. Aí, em um belo dia, você manda um e-mail outbound para ele, e ele responde o e-mail.
Ou seja, a gente está falando de um exemplo de um cliente que teve vários touchpoints, tanto o inbound quanto o outbound. Quanto mais integrado for isso, quanto mais rastreável for, mais história você tem daquele lead, mais argumentos para conseguir efetivar a venda, mais você vai conhecer aquele lead.
(*) – É sócio-fundador e CEO da Ramper, startup criadora da principal plataforma de prospecção e engajamento de leads do País (www.ramper.com.br).