Matheus Neto (*)
Um dos temas mais comentados do momento, o 5G está finalmente chegando às cidades brasileiras. Mais do que novas antenas e redes, porém, a verdade é que a conexão de quinta geração vem trazendo consigo uma grande promessa: acelerar, literalmente, a transformação de inúmeros setores. Inclusive aqueles que têm como missão unir o digital e o físico.
Este é o caso, por exemplo, da indústria de caixas eletrônicos e terminais de autoatendimento financeiro (ATMs), que evoluiu exponencialmente nas últimas décadas e, hoje, está absolutamente preparado para utilizar as mais recentes tecnologias, como a Internet 5G.
Tecnicamente, quando falamos em 5G, estamos nos referindo à facilidade de comunicação, com mais estabilidade e banda para executar a ligação entre máquinas, usuários e servidores. Dito isso, podemos dizer que o principal impacto desse novo padrão de Internet será a chance de realizar as operações com mais rapidez e agilidade. Isso, claro, do ponto de vista do cliente, na hora de fazer um saque, consultar saldo, habilitar um recurso em sua conta etc.
Para os bancos, porém, essa é uma chance de aumentar a carteira de serviços disponíveis nos terminais. Mais do que isso, aliás, pode significar a oportunidade de levar os caixas eletrônicos até lugares mais remotos do País, atendendo inclusive a população que, atualmente, não consegue ter acesso aos serviços bancários em geral. Esse é um grande ponto para o segmento bancário, que poderá aumentar seu alcance junto ao público.
A chegada do 5G, portanto, pode significar uma grande notícia para a sociedade geral, uma vez que essa conexão combinada com a tecnologia das novas soluções de autoatendimento poderá ser efetivamente usada para responder o desafio de inclusão das pessoas à economia – física e digital. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, vale lembrar, cerca de 17 milhões de brasileiros não têm acesso ou usam de forma limitada os serviços e produtos bancários.
A adoção de terminais mais modernos e conectados às redes 5G abre a chance de se atender essa população, criando um ponto de contato entre clientes e bancos, entregando tanto serviços digitais quanto moeda em espécie (ponto fundamental, principalmente para a movimentação das economias locais).
Estudo promovido pela Fundação Dom Cabral estimou que 53,4% dos brasileiros ainda preferem utilizar o dinheiro como principal forma de pagamento, ao invés de cartões de crédito ou PIX, por exemplo. É preciso garantir o atendimento dessas pessoas. Até porque a implementação desse parque de autoatendimento também oferece uma opção à tendência de fechamento das agências.
No último ano, por exemplo, mais de 2.300 agências bancárias foram fechadas, conforme informações do Banco Central. Essa é uma situação que vem sendo acelerada desde o início da pandemia, que exigiu períodos de isolamento social e provocou o afastamento do dia a dia presencial.
O fechamento desses pontos físicos de atendimento revelou a importância da presença do autoatendimento. Em muitas situações, essas soluções já são a única opção para resolverem questões financeiras. Nos novos tempos, cada vez mais o ATM será a própria agência para os clientes. Como consequência, os ATMs serão ambientes que terão como função não apenas permitir que os consumidores possam sacar seu dinheiro, mas também ter a possibilidade de resolver qualquer assunto importante.
As instituições financeiras estão avançando em suas agendas de Transformação Digital e de modernização para atender às expectativas dos clientes, e as soluções de autoatendimento de nova geração são peças fundamentais para atender as demandas por personalização, praticidade, conveniência e alta disponibilidade que os usuários desta era fazem questão de ter sempre por perto.
O lançamento das redes 5G em todo o mundo, nesse sentido, certamente auxiliará os bancos na busca por soluções frente a estes novos desafios. Afinal de contas, a nova conexão oferece algumas vantagens claras sobre as gerações anteriores de redes sem fio, como a conectividade superior ou a capacidade de suportar milhões de dispositivos por quilômetro quadrado sem comprometer a qualidade do serviço.
Aliás, um ponto-chave para se compreender as vantagens da Internet 5G é justamente a possibilidade de avançarmos nas ações da Internet das Coisas (IoT), permitindo cada vez mais a comunicação entre máquinas. Com o IoT, caminhamos para entender melhor a performance dos equipamentos, antecipando falhas e maximizando os planos de manutenção preventiva (ou reativa). Isso significa a maior disponibilidade das soluções de autoatendimento, com menor demanda de movimentação de peças, entre outras coisas.
Além disso, o 5G trará ganhos também no que diz respeito a preservação do planeta. Do ponto de vista do impacto ambiental, com uma tecnologia mais avançada, os caixas eletrônicos serão cada vez mais constituídos por menos componentes, reduzindo sua massa consideravelmente e o consumo de energia.
São inúmeros os motivos para que a rede 5G verdadeiramente ajude a elevar ainda mais a eficiência e o papel dos serviços oferecidos pelos terminais de autoatendimento bancário. Resta saber quem estará atento a essa oportunidade, transformando o ATM em um ponto de contato capaz de agregar valor à marca e à experiência do cliente.
Inovação, futuro e 5G não é assunto apenas para falarmos sobre carros autônomos, monitoramento de saúde e Nuvem. Mais do que isso, pode ser a chave para pensarmos no que será o caixa eletrônico do amanhã, começando por hoje mesmo.
(*) – É Gerente de Soluções de Hardware da Diebold Nixdorf.