João Alves*
O período de estresse hídrico dos últimos anos trouxe grandes desafios para os produtores, especialmente na cultura da cana-de-açúcar. Ao longo da safra 21/22, por exemplo, as secas no País – consideradas as piores dos últimos 90 anos – contribuíram para um déficit global da commodity. No Brasil, as condições climáticas adversas no início do 2021 tiveram como consequência uma quebra histórica de produtividade na última safra de cana-de-açúcar da região Centro-Sul.
Mas o que, de fato, acontece com o cultivo em um período de seca? Quando a planta entra em estresse hídrico ela passa a consumir o que já acumulou ao longo do seu crescimento, visto que a água também atua enquanto solvente para os minerais disponíveis no solo, permitindo a absorção de nutrientes pelas raízes. É por essa razão que esse período pede máxima atenção do produtor pois, como consequência, a escassez hídrica acaba trazendo resultados negativos para a lavoura, causando danos que debilitam o crescimento das raízes e colmos – que armazenam o açúcar, além de acelerar a maturação das plantas, o que pode trazer queda na produtividade e qualidade.
Sabendo que, ao entrar no período de seca a planta paralisa seu desenvolvimento para ter um gasto mínimo das reservas, e que quando as chuvas retornarem ela precisa retomar seu crescimento e evolução, é essencial garantir que durante a janela de estresse hídrico o vegetal perca o mínimo de suas reservas pois, com isso, a retomada de crescimento será mais favorável. Para que isso aconteça, o manejo pré seca é uma alternativa que dará ao produtor condições de trabalhar a fisiologia da planta em busca da melhor eficiência possível.
A boa notícia é que no mercado já existem produtos que auxiliam o produtor nesse desafio e apoiam a lavoura trabalhando a fisiologia da planta para que ela seja eficiente no uso de suas reservas. Por meio de soluções que oferecem nutrientes e o balanço de aminoácidos adequados – fósforo, potássio, magnésio e enxofre – a cana consegue ter uma maior atividade fotossintética e enzimática, adquirindo maior tolerância à seca podendo retornar seus processos de absorção de nutrientes com maior rapidez, tornando-se mais resistente aos estresses abióticos, preservando o TCH e ATR do canavial.
Por essas razões, é fundamental incentivar o produtor rural a estar cada vez mais familiarizado com as fases de desenvolvimento da planta e com as tecnologias que podem fazer a diferença em cada uma delas. Dessa forma, ele estará atento às oportunidades de contribuir com o crescimento do canavial, amenizando as consequências da atuação de fatores externos na cultura, garantindo maior controle de qualidade e melhor produtividade da colheita.
* João Alves é engenheiro-agrônomo, mestre em Sistemas de Produção, com ênfase em nutrição de plantas, e Gerente de Desenvolvimento Técnico de Mercado da Ubyfol.