Muito além de expandir a troca comercial, estreitar relações com fornecedores e o setor público, mecanismos de integridade têm como objetivo prevenir, identificar e combater fraudes, irregularidades e outros atos ilícitos. “Diante de uma sociedade atenta aos ambientes regulatórios mais estreitos, zelar pela integridade tornou-se uma rotina”, comenta o especialista em Compliance, Wagner Giovanini.
Conforme o expert, a Lei Anticorrupção, sancionada em 2013, contribuiu para que as empresas agissem de forma ética em todos os seus setores, tomando cuidado para não cometer nenhum deslize nesse sentido.
- Integridade traz benefícios na prática – Uma empresa com um Sistema de Integridade funcionando de verdade conta com vantagem competitiva pelo simples fato de ter um sistema rodando, pois pode apresentar evidências com a documentação fornecida na hora da concorrência. Sem contar os inúmeros benefícios do Sistema, por exemplo:
• Redução de fraudes, furtos e consequentemente redução de custos.
• Redução de assédios, bullying, discriminação, racismo, nepotismo, conflitos de interesses, etc., com melhora significativa no ambiente de trabalho. Isso gera pessoas mais satisfeitas com reflexos positivos na produtividade, atendimento a clientes, fornecedores, etc.
• Fortalecimento da imagem e reputação, abrindo mais mercados, atraindo investidores, inclusive obtendo taxas de juros e preços mais atrativos no mercado financeiro e seguros.
• Novos mercados: tanto público quanto privados (cada vez mais as grandes empresas demandam Compliance de seus fornecedores e essa tendência é crescente, face ao ESG).
• Por consequência, o Compliance gera maior lucratividade, maior vantagem competitiva, significando também reforço para a sustentabilidade da empresa.
- Para ter resultados, é preciso implantar corretamente – Tais benefícios são gerados somente se o sistema for implementado corretamente. “Exagerar na dose gera burocracia desnecessária. Por outro lado, simplificar demais aproxima-se do simplório e, dessa forma, transforma o programa em um sistema de fachada. Tanto num extremo como no outro, haverá descrença, perda de apoio dos funcionários e a empresa estará jogando dinheiro fora”, alerta Giovanini.
Diante disso, encontrar o ponto de equilíbrio dessa equação é o desafio. E esse ponto difere de empresa para empresa, por isso não é viável ter um Mecanismo de Integridade de prateleira. O Sistema precisa ser construído respeitando as particularidades de cada um, como tamanho, cultura interna, segmento de atuação, exposição a riscos, etc.
Desejar fazer sozinho ou errar na contratação de consultores costuma custar mais caro do que contratar um especialista de verdade, sem contar que, no primeiro caso, o resultado pode ser desastroso e, no segundo, aumenta-se muito a possibilidade de se construir um Mecanismo de Integridade efetivo e que gera, de fato, os benefícios esperados.
- Integridade: exigência cada vez mais comum entre as empresas – As empresas têm o poder de exigir de seus fornecedores o cumprimento de quesitos que, num primeiro momento demandem esforços, mas depois tragam benefícios significativos.
Na década de 1980 e 1990, o movimento da qualidade total demonstrou isso: pequenas organizações tiveram de se adaptar e alcançar o nível de qualidade exigido (qualidade do produto, logística, evolução tecnológica, qualidade de seus processos, redução de perdas e desperdícios, etc.).
Isso conferiu a elas capacidade e robustez para vencer bem os desafios mercadológicos que se sucederam. O segmento automobilístico, por exemplo, teve uma evolução enorme! Nas décadas seguintes (1990 e anos 2000) vieram as questões ambientais, saúde ocupacional e segurança do trabalho.
E, mais recentemente, o Compliance e agora o ESG (modelo que se sustenta em três pilares: E = Environmental; S = Social; G = Governança corporativa – o Compliance é peça fundamental nesse modelo). Assim, para atender a demandas de grandes clientes, os fornecedores se adaptam, melhoram, crescem e se tornam mais aptos para atender novos mercados.
- Seis fatos sobre Integridade nas empresas:
• Quando uma empresa implementa bem o seu sistema de integridade, as pessoas (executivos, funcionários e terceiros) são as primeiras beneficiadas. Elas percebem os efeitos positivos desse sistema, aumentando a sua satisfação e orgulho de estar numa empresa limpa.
• Isso traz um efeito natural de disseminação da cultura ética, pois essas pessoas levam suas experiências para seus familiares, amigos, vizinhos e círculos sociais. E, com isso, influencia outros a seguirem o mesmo caminho.
• Um Sistema de Integridade efetivo demanda o seguinte raciocínio: empresa íntegra só se relaciona com empresa íntegra. Portanto, é de se esperar que a empresa comece a demandar o Compliance na sua cadeia de fornecedores e prestadores de serviço.
• Assim sendo, é mais uma forma de disseminação da cultura da ética e melhoria do segmento de atuação e do mundo corporativo.
• Portanto, a “integridade” bem implementada vai gerar automaticamente uma contribuição valiosa para a construção de um Brasil melhor, uma sociedade mais justa, ética!
• Assim, a grande empresa passa a ter uma responsabilidade social e de cidadania, pois ao implementar um Programa de Integridade ela estará contribuindo com o país.
- Por dentro do Mecanismo de Integridade – O Mecanismo de Integridade é composto por diversos elementos: atividades, processos, pessoas, estrutura, orçamento, controles, ferramentas (ex.: canal de denúncias, EAD), materiais em geral (ex.: peças de comunicação e treinamento, formulários, templates, etc.), governança, etc.
Depois de implementado, esses elementos devem gerar resultados que, conforme a definição em cada empresa, formarão as evidências para comprovar se o sistema é ou não efetivo.
O tempo para gerar evidências satisfatórias depende de inúmeros fatores, por exemplo: como o sistema foi implementado; qualidade dos seus processos e elementos; natureza da empresa; capacidade de cumprimento dos requisitos implementados; desempenho de cada processo; etc.
- Veja algumas constatações práticas:
• Existem diversos Mecanismos de Integridade implementados há anos sem serem efetivos. Podem ser sistemas de fachada… pode haver boa intenção da empresa, porém sem o conhecimento e experiência necessários… pode ser um sistema mal implementado (gerando resultados ruins). Seja qual for a causa, são sistemas que tendem ao fracasso!
• Há sistemas recentes que são efetivos (implementados com qualidade). Invariavelmente, tais sistemas seguiram as orientações de especialistas de verdade!
Portanto, para demonstrar que o sistema é efetivo (e é isso que a lei exige) não basta implementar “algo”. Mas, sim, fazer com que ele funcione bem e gere resultados capazes de provar essa condição para o mercado. E, dessa forma, um
Programa de Integridade bem implementado vai gerar automaticamente uma contribuição valiosa para a construção de um Brasil melhor, uma sociedade mais justa, ética! Nesse contexto, a grande empresa passa a ter uma responsabilidade social e de cidadania, pois ao implementar “integridade” estará contribuindo com o país e com nossa sociedade. – Fonte e outras informações: (www.triwi.com.br).