As novas tecnologias digitais sempre costumam chegar ao mundo automotivo com força e gerando grandes expectativas. Isso acontece devido à alta capilaridade dos automóveis como um todo nas diversas sociedades do planeta, a constante evolução do setor em parâmetros de segurança, e, claro, no conforto e melhoria da experiência dos usuários. O desenvolvimento de conceitos e produtos das realidades virtual e aumentada, por exemplo, permite novas possibilidades ao segmento e já apresenta inovações significativas no mercado automotivo.
Para caráter de clareza é importante, antes de tudo, diferenciar os dois termos. Realidade virtual é responsável por levar um usuário a um novo ambiente, criado por computador. No espaço digitalizado, o indivíduo é capaz de interagir por meio de um aparato físico com elementos virtuais, em uma imersão que viabiliza experiências diversas. A realidade aumentada, por sua vez, é a projeção de elementos digitais em interação com o mundo real, espaço no qual vivemos. A RA também permite novas experiências e interações, mas utiliza como base principal os elementos que podemos acessar sem qualquer tecnologia. Uma das coisas que essas realidades têm em comum é a necessidade da existência de um intermediário para serem acessadas — tablets, smartphones, etc.
No mundo automotivo, ambas já são utilizadas em diferentes frentes, como na produção de carros e na interação com usuários. Na indústria, a realidade aumentada pode, inclusive, substituir o monitoramento direto no campo pela virtualização das plantas, o que evita o fechamento total de operações em situações adversas, como em uma pandemia. A RA, quando combinada com tecnologias de Business Intelligence, Internet das Coisas (IoT, em inglês) e Machine Learning, por exemplo, pode disponibilizar informações e análises fundamentais entre o mundo real e digital. A utilização de ferramentas de realidade aumentada em tempo real ajuda a indústria no acompanhamento de equipamentos em funcionamento, e, ainda, permite a detecção da necessidade de reparos em maquinários. A realidade virtual também está se tornando cada vez mais comum nos processos produtivos do setor, por meio da aplicação de treinamentos digitais e interativos que as montadoras levam aos funcionários.
Do ponto de vista dos usuários, um dos avanços mais notáveis que a realidade aumentada traz ao mundo automotivo é o surgimento de carros autônomos. Esses veículos utilizam informações do mundo real (outros automóveis, sinalizações, pista) para se movimentarem e criam uma interação digital para os integrantes do carro, além de garantirem a segurança no trânsito — premissa fundamental a quem entra em um automóvel. A realidade virtual, além de sua utilização como treinamento em ambiente industrial automotivo, também permite experiências inovadoras aos clientes — em potencial ou fidelizados. A RV já é utilizada para apresentar novos produtos e experiências às pessoas, em feiras e eventos, garantindo maior conhecimento das pessoas sobre determinados automóveis. Além disso, a realidade virtual pode ser utilizada para treinamentos de pessoas em segurança automotiva.
A compra de automóveis, tradicionalmente feita em concessionárias, aos poucos também vai sendo realizada por meio da utilização de tecnologias de realidade aumentada. Montadoras já usam experiências de imersão no processo de compra para interessados em conhecer modelos novos, além de conectar técnicos e engenheiros no projeto. Carros digitalizados já são realidade há muito tempo (com o perdão do trocadilho) e isso tende a aumentar cada vez mais, seja no processo de produção industrial ou na promoção de experiências ao público consumidor.
(Fonte: Flavio Vasques é Diretor da VC ONE, empresa que trabalha com soluções inteligentes para o mercado automotivo).