Fabiano Nagamatsu (*)
Construir no metaverso significa proporcionar experiências únicas para nossos clientes. Tudo aquilo que você não consegue ser na vida física, você pode ser no mundo virtual. Seu avatar pode te levar para onde quiser e te permitir experimentar coisas novas o tempo todo. Ainda que o metaverso esteja mais do que popular, tenho notado que ele ainda é um tema muito abstrato para a grande maioria das pessoas que não trabalham com o universo da tecnologia.
Por isso, me proponho a explicar algumas questões básicas sobre como as experiências são produzidas e como qualquer um pode tirar proveito delas. Antes de qualquer coisa: para ser um usuário do metaverso, não é preciso investir. Nós conseguimos acessá-lo hoje por meio dos óculos de realidade aumentada, mas também pelo computador ou smartphone. Hoje, quase 5 milhões de brasileiros já são usuários cadastrados.
No entanto, para efetivamente construir sua experiência no ambiente virtual, é preciso comprar um terreno. Da mesma forma em que se compra um espaço físico para construir uma casa ou uma loja. Existem diferentes plataformas de metaverso. Algumas delas têm um design mais gamer, como quadradinhos de Lego. Outras, são como um mapa mundi, e tem tudo o que temos no nosso mundo real.
Lá, se estiver disponível, eu posso adquirir o prédio do SBT, por exemplo. E depois eu posso vendê-lo à emissora. Geralmente, essas plataformas são desenvolvidas por empresas de games. Precisam ser corporações que disponham de um servidor muito robusto — principalmente aquelas que oferecem uma experiência mais real. Elas são mais pesadas e ele precisa ser capaz de sustentá-las.
Uma vez que você compra seu terreno, é imprescindível ter uma equipe muito bem preparada para produzir a experiência. São desenvolvedores 3D, sonorizadores, arte finalistas, produtores, modeladores, animadores, videomakers, entre outros. É preciso que os avatares se movimentem de forma natural para que a ilusão não se quebre. Então é possível criar eventos, shows, ou até um ambiente de trabalho à distância, onde você pode tomar um cafezinho na copa com seu colega mesmo de casa.
Se tratando de uma realidade virtual, tudo que se comercializa no metaverso é NFT. Isso porque o “Token Não Fungível” é uma tecnologia que serve para cadastrar e dar valor monetário a uma propriedade virtual e única. A partir do momento em que eu compro um carro, um prédio ou até uma caneca no metaverso, ela é minha e de mais ninguém. Isso é possível por meio do Blockchain, que garante a segurança da minha compra.
Essa compra é feita por criptomoedas. Temos também uma moeda específica no metaverso: a Ether, nome que vem de “eterno”. Ela tem se valorizado exorbitantemente. Ela é ligada a uma plataforma específica, chamada Etherium, e hoje vale mais de US$ 2.600. Já existem várias empresas utilizando o metaverso como parte de sua estratégia de vendas. A Nike é uma delas, que criou a Nike Land — eles criam tênis digitais para estilizar seus avatares e atraem os amantes do esporte para seu espaço.
O Itaú também tomou a iniciativa para atrair o público gamer, além da Renner, que desenvolveu uma parceria com um game para atrair também as atenções no mundo virtual, com uma enquete interativa de escolha de estampas para as peças. Além da Microsoft, NVidia e Epic Games, que construíram suas próprias experiências. Entre startups, a InspireIP foi a primeira brasileira a comprar um terreno no metaverso.
Compramos para poder começar a explorar essa opção e propiciar uma experiência interessante para nossos clientes, por meio do lançamento de produtos e serviços, apresentação de games, desenvolvimento de eventos para startups e empresas que queiram inovar — como palestras, oficinas e meetups. A partir do segundo trimestre, vamos começar a disponibilizar eventos para negócios que queiram mergulhar no mundo da tecnologia e esperamos atrair empresários, empreendedores, estudantes e curiosos.
A transição para o metaverso tem sido acelerada pelo progresso tecnológico e introdução do 5G, que propicia a redução sensível de latência, ou seja, maior agilidade da informação e maior qualidade gráfica. Além disso, a experiência do público nas redes sociais já iniciou o costume de ter uma presença online e se relacionar virtualmente. O efeito pandemia, sem dúvida, teve muito a ver com essa imersão no mundo digital.
Daqui para o metaverso, é uma evolução natural. No entanto, não se pode deixar de lado tudo o que aprendemos com o marketing digital até hoje. Se seu objetivo é criar uma experiência imersiva para seus clientes, não se esqueça de quem eles são e o que procuram. Temos que tomar cuidado em lançar algo no metaverso, pois isso deve estar bem alinhado com o público e a persona.
Devemos pensar estrategicamente em todas as pontas, pois é a comunidade de fãs que gera o engajamento e o sucesso do produto ou serviço lançado. Não podemos lançar uma moto de luxo no metaverso, por exemplo, com a linguagem cheia de gírias e com ações que prejudiquem a marca, como tirar rachas, subir em calçadas ou passar no sinal vermelho.
Por outro lado, um exemplo de uma experiência excelente foi o show do rapper Travis Scott na plataforma do Fortnite. Originalmente um game, o Fortnite hoje tem sido chamado da rede social do metaverso. Além de jogar, os usuários podem ver shows, interagir com outras pessoas e assistir outras coisas. A audiência desse show pôde participar próximo ao avatar gigante do rapper.
Em um momento ele saiu do palco e se envolveu com fogo, conseguindo mudar de cenário e interagir com os outros avatares. Foi um sucesso absoluto porque seus fãs puderam dançar, entrar na água e acompanhar o músico em todos os momentos. Hoje em dia, as marcas têm o dever de defender muito sua persona e pensar na experiência do seu usuário.
Foi isso que aconteceu durante o show do Travis Scott. Independentemente do segmento de atuação, é a criação de comunidades de fãs que determina o sucesso de uma empresa no mercado.
(*) – É cofundador da Osten Moove e mentor de negócios no InovAtiva Brasil, maior programa de aceleração de startups da América Latina (www.ostenmoove.com.br).