Aline Rodrigues (*)
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), se refere a uma condição, em diferentes graus de comprometimento, em áreas específicas do desenvolvimento humano.
Um exemplo é a dificuldade na reciprocidade socioemocional, ou seja, na troca das relações, na comunicação verbal ou não verbal, nas habilidades sociais, como no brincar. Também pode ser caracterizado pela repetição de certos movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos, inflexibilidade diante da rotina ou combinados, apego excessivo a determinado objeto, hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais.
No entanto, não podemos nos prender apenas às características que podem impor limitações, mas olhar para a pessoa, além de seu diagnóstico. Não podemos deixar que um CID (Código Internacional de Doenças) impeça o processo de desenvolvimento biopsicossocial de qualquer pessoa. Devemos enxergar a partir disso uma nova perspectiva e abordagem para proporcionar mecanismos que favoreçam uma crescente melhora nas relações e nas dificuldades de uma pessoa com TEA.
Partindo desse princípio, temos encontrado duas vertentes ao nos relacionarmos com uma pessoa com TEA: uma que diz dos desafios de conhecer o diagnóstico e saber trabalhar e favorecer o desenvolvimento, principalmente de crianças que apresentam algumas características, mas não têm diagnóstico fechado, e outra que se refere à busca e dedicação em oferecer tudo aquilo que é de direito dessa pessoa, não só como autista, mas como ser humano.
A conscientização do Autismo não se refere apenas a “conhecer” o espectro, mas em assegurar a essas pessoas seus direitos básicos e sua inclusão efetiva no meio em que está inserida, sem deixar de considerar sua individualidade. Mas isso só é possível quando conseguimos ser empáticos com a realidade de cada um, seja da criança ou da família.
Para que a inclusão realmente aconteça, é necessário criar condições que estimulem e favoreçam as áreas que prejudicam o desenvolvimento integral daquele que apresenta qualquer tipo de dificuldade, ou seja, oferecer suporte para que haja uma troca nas relações interpessoais. É importante estarmos atentos e conscientes de que autismo não é uma doença, não tem “cara”, não é algo raro; que as pessoas com essa condição têm direitos assegurados por lei, e que os primeiros sinais aparecem nos primeiros três anos de vida.
Relacionar-se com uma pessoa com TEA significa entender e respeitar suas características, por isso, tome cuidado com palavras e toques, aja com delicadeza, estimule a interação, descubra novas formas de comunicação, seja criativo, imponha limite com amor e acredite realmente que “o Autismo faz parte do mundo, não é um mundo à parte”.
Se observar alguma característica distinta ou um comportamento que não corresponde à etapa de desenvolvimento de uma criança, procure ajuda especializada, pois o diagnóstico precoce fará toda a diferença e, desta forma, poderá abrir portas para um mundo de descobertas.
“Os autistas são como as borboletas, o processo da metamorfose. Seja lento ou acelerado, não altera sua beleza. Eles não se restringem, voam livres, leves e soltos. Sim, são diferentes dos outros, possuem o seu próprio voo”. (Letícia Butterfield).
(*) – É Psicóloga Escolar no Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).