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Fique atento às tendências que vão gerar impacto nos negócios

em Destaques
segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Carlos Baptista (*)

As dificuldades impostas pela pandemia fizeram com que a transformação digital acelerasse cada vez mais nas organizações, como uma maneira de se adaptar a uma nova realidade. Foi uma forma das empresas se adequarem às mudanças de processos de trabalho e também ao novo jeito de abordar seus consumidores, motivado pela necessidade do isolamento social.

Consequentemente, as corporações estão mais atentas ao avanço dessa verdadeira revolução ficando mais antenadas com a chegada de novas tendências capazes de gerar impactos nos negócios. E essa atenção por parte das organizações em relação à transformação se encontra cada vez mais evidente. Prova deste cenário é a pesquisa divulgada recentemente pelo Gartner, que mostra um avanço da pretensão dos investimentos em recursos digitais ainda neste ano.

De acordo com o estudo, 82% dos CFOs das grandes corporações pretendem aumentar o investimento em transformação digital, se comparado com 2020.
Realizado entre os meses de julho e dezembro do ano passado, o levantamento revela ainda uma trajetória de avanço da digitalização desde então. Segundo esta avaliação, 70% dos entrevistados já planejavam ampliar os gastos com tecnologia em 2020 para atenderem às novas necessidades geradas pela pandemia.

O fato é que o avanço dessa revolução já trouxe reflexos na sociedade ao longo dos últimos anos. As pessoas passaram a ter mais acesso à tecnologia e às novas plataformas. Consequentemente, conseguiram obter uma gama maior de informações sobre uma determinada empresa ou serviço, informações essas que influenciam a decisão do consumidor final. Esse contexto traz como primeiro impacto o aumento da concorrência.

As organizações passam a levar mais em conta a experiência do consumidor e a proposta de valor entregue como variável para a definição da estratégia, se comparadas ao período antes da pandemia. Outro reflexo é a presença ainda maior das empresas nas redes sociais. Antes da Covid-19, muitas delas não tinham perfis nessas mídias nem consideravam estas plataformas como canais de relacionamento com o cliente. Além disso, os clientes passaram a analisar a decisão de outros consumidores para tomar a própria decisão de comprar um produto ou serviço.

É importante lembrar que a transformação digital deve sempre ser focada no ser humano como o centro da transformação. Em meio a essa ponderação fica uma questão: Tudo vai voltar ao normal com o fim da Covid-19? Ninguém tem a certeza do que vai acontecer, mas é possível afirmar que nada será como antes.

O mundo dos negócios está passando por novas necessidades e exigências e para se manter nessa nova realidade, as organizações devem ficar atentas a algumas tendências que impactam nos modelos de negócio e modo de atuar nesse novo mercado. Abaixo, algumas tendências que vão gerar impactos:

1 – Novo modelo de colaboradores – Haverá um novo modelo de profissionais nas organizações. A tecnologia permitiu que os colaboradores consigam trabalhar remotamente de qualquer lugar do mundo. Com isso, também surgiu a possibilidade de novas vagas em qualquer local do país e até do planeta. Esta possibilidade irá gerar novas necessidades de educação. O profissional precisa desenvolver novas habilidades, técnicas e não técnicas para atender às necessidades do mercado.

Por exemplo, é interessante o estudo de novos idiomas que permitam atender a uma vaga fora do Brasil. Outro aspecto que deve ser levado em conta é a pressão psicológica que o modelo de Home Office gerou. Embora tenha sido confortável sair dos escritórios para trabalhar em casa, os profissionais sentiram muito o impacto psicológico de estarem confinados e do seu espaço privado passar a ser compartilhado com todos.

Por esse motivo, uma das tendências é a utilização de novos espaços de trabalho, que não estarão na nossa casa, nem nas empresas, mas em espaços alternativos como cafés, espaços de coworking ou outros locais que sejam uma alternativa confortável mas não sejam invasivos como a nossa casa.

2 – Tecnologia – As empresas vão investir ainda mais em tecnologia, ganharão mais eficiência e reduzirão custos. Por meio dela, haverá canais de acesso aos clientes ainda mais customizados e personalizados que vão ajudar na experiência dos consumidores.

Os profissionais devem ficar atentos porque também surgirão novas carreiras com essas novas tecnologias. Isso será possível diante do uso cada vez maior de tecnologia como Inteligência Artificial, computação quântica, big data, blockchain, etc. As lideranças precisam estar abertas para essas novas carreiras incentivando a inclusão e desenvolvimento das mesmas.

3 – Organizações flexíveis – As organizações serão mais flexíveis e adaptáveis para que possam se modelar facilmente as novas necessidades que serão constantes. A adoção da agilidade como mindset vai permitir mais eficácia e direcionamento dos recursos. O mundo passará por dificuldades econômicas no pós-pandemia, por isso ter um foco maior no resultado será crucial para as organizações.

4 – Nova liderança – Haverá também um novo modelo de liderança. Não existirá mais espaço para o tradicional gestor autocrático. Esse novo líder precisa ser mais inclusivo e servidor para chegar a um resultado por intermédio de redes de colaboração internas e externas.

As equipes são cada vez mais formadas por profissionais com diferentes habilidades, de diferentes gerações e níveis de experiência. E todos têm a contribuir para o crescimento e para o resultado da organização. A ampliação da rede de colaboração vai promover aprendizado entre as lideranças dentro e fora das organizações e assim potencializarmos o crescimento.

Apesar de parecer tão óbvia, a transformação digital ainda não faz parte do planejamento de muitas organizações. Não é apenas mais um movimento, pois já foi incorporada no nosso dia a dia e nunca irá terminar. Passou a ser algo constante nas organizações. E nessa revolução, é preciso focar no ser humano, num novo modelo de liderança e entender os novos liderados para adotar esse mindset ágil.

(*) – É professor e coordenador no Núcleo de Seleção de Alunos do MBA da FIAP. Especialista em transformação digital, atua como diretor da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano e é co-criador do Modelo Ágil Comportamental.